Crítica Grace and Frankie S4: sem o mesmo fôlego

Após manterem um relacionamento escondido durante vinte anos, Sol (Sam Waterston) e Robert (Martin Sheen) decidem contar para suas esposas que foram infiéis a elas e querem viver juntos. Ambas traídas, Grace (Jane Fonda) e Frankie (Lily Tomlin) unem-se mesmo que se odeiem. Do convívio tempestuoso nasce uma linda amizade.

Se a primeira temporada de Grace and Frankie, comédia de Marta Kauffman e Howard J. Morris, serviu para estabelecer a nova dinâmica na vida dessas duplas de pessoas maduras, e a segunda e a terceira trabalharam principalmente a aproximação das protagonistas, a quarta tem a cumplicidade destas já solidificada e pode ater-se numa evolução da trama – que, infelizmente, não acontece como o esperado.

Fonda e Tomlin estão cada vez mais sedutoramente loucas e engraçadas, mas nem sempre são ajudadas pelo roteiro. O enredo começa com a introdução abrupta de Sheree (Lisa Kudrow), personagem que cumpre uma única função: fazer com que Frankie sinta ciúme da relação da sua amiga com a manicure dela. O arco de Sheree está no centro das atenções nos primeiros episódios e, assim que concluído às pressas, ela simplesmente some como se nunca tivesse existido.

Passada essa fase, o foco recai nas dores no joelho de Grace e na falta de memória de sua companheira. Sempre que a série torna-se muito física, há uma tremenda dificuldade em ser convincente. A aparência jovial e saudável das atrizes faz com que fique muito forçado todas as vezes que elas são obrigadas a rastejar de um lado para o outro. Não que a idade não traga consigo suas dores, mas parece haver um exagero em alguns casos, um ruído entre o que vemos e o que espera-se que vejamos.

Boa parte do tempo utilizado para esse plot poderia ser voltado para o trabalho de venda dos vibradores. A fase das mulheres maduras que se unem após descobrirem que seus maridos são gays ficou no passado. O grande diferencial atual da atração é termos pessoas acima dos setenta anos vendendo um produto para que idosas possam ser sexualmente estimuladas. Isso é genial – e boa parcela do potencial da trama é simplesmente desperdiçado.

Não há problema algum em termos como background os conflitos amorosos de Frankie e Jacob (Ernie Hudson) ou Grace e Nick (Peter Gallagher). Entretanto, esses quadros não são tão chamativos – mesmo que a discussão de uma mulher sentir-se mal por estar com um homem mais novo seja bem relevante.

De maneira geral, perde-se fôlego com tramas secundárias desinteressantes. Nwabudike (Baron Vaughn) conseguiu achar uma pessoa mais chata que ele para ter um bebê. Brianna (June Diane Raphael) é cansativa. Coyote (Ethan Embry) e Mallory (Brooklyn Decker) estão em modo de espera eterno.

 

Leia a crítica de Grace and Frankie S3

 

Além disso, as pequenas e corriqueiras discussões de Sol e Robert não conseguem arrancar um único sorriso. Mesmo que seja interessante ver o casal tentando entender o que é preciso para fazer com que a relação dê certo, soa como um artifício atrasado. Não que seja impossível demorar tanto para buscar acordos que satisfaçam os dois. No entanto, após tantos anos de convívio, eles parecem demasiado inocentes na abordagem do assunto.

Para uma produção com treze episódios de apenas trinta minutos por temporada, fica a impressão de que Grace and Frankie não soube aproveitar o tempo que tem.

 

Nota (0-10): 6

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