Quando eu penso em comédias que gostaria muito de assistir, Barry não é uma escolha óbvia. Um homem cis, branco e heterossexual assassino que quer largar a profissão de matador de aluguel e virar ator não soa indispensável.
De fato, ela pode até não ser. Todavia, a comédia criada por Alec Berg e Bill Hader tem um texto tão bem escrito que nos prende como poucas. Hader, que também protagoniza a produção, desperta empatia onde não parecia ser possível.
Ele está acompanhado de um elenco em grande sintonia que se envolve em situações cada vez mais doidas. O quinto episódio da segunda temporada, ronny/lily, é de longe um dos melhores de 2019. Há um desprendimento da realidade e uma fusão maravilhosa de Kill Bill com O Tigre e o Dragão. O resultado surpreende. É um daqueles capítulos que, sozinho, funciona perfeitamente bem – algo como, por exemplo, The Constant, de Lost.
Se no primeiro ano Gene Cousineau (Henry Winkler) teve bom destaque, o segundo catapultou Monroe Fuches (Stephen Root) e NoHo Hank (Anthony Carrigan). Enquanto Fuches ganhou cenas hilárias, Hank obteve seu merecido espaço. A dinâmica de ambos com o personagem-título é maravilhosa de acompanhar.
Quem também recebeu melhores linhas do roteiro foi Sally Reed (Sarah Goldberg). A personagem cresceu em importância e foi responsável pelas críticas ao machismo hollywoodiano. Ela passou de simples interesse romântico a dona de sua jornada.
O padrão HBO de qualidade faz a série ser merecedora de toda a atenção que tem da crítica. Enquanto divertir e surpreender como faz hoje, fico ansioso pela temporada seguinte.
Nota (0-10): 9