Quando estreou a primeira temporada de Demolidor, em 2015, foi realmente emocionante. Desde o princípio, Charlie Cox teve um ótimo desempenho ao interpretar Matt Murdock, o demônio de Hell’s Kitchen, e a história avançou de maneira eletrizante. Com a vinda de Jessica Jones, a qualidade permaneceu elevada. Krysten Ritter está perfeita como a protagonista, que tem um humor peculiar que nos faz rir muito. Luke Cage, mais recentemente, trouxe uma trama um tanto arrastada, todavia ainda positiva e com um Mike Colter dando conta do recado. Para completar time de heróis, chegou Punho de Ferro, considerada por muitos a primeira série da parceria Marvel e Netflix a decepcionar. Por mais que tenha um enredo mais fraco e seu protagonista, Finn Jones, esteja distante do ideal, ainda vejo o saldo final como positivo.

Após o grupo todo ser formalmente apresentado, eis que estreia Os Defensores, obra de Douglas Petrie e Marco Ramirez. Mesmo que não seja ruim, a produção apresenta problemas e está muito mais próxima de Punho de Ferro do que de Demolidor. As cenas de ação são bem coreografadas e o elenco conduz bem a trama, mas o roteiro definitivamente nem sempre os ajuda.

Alexandra, a personagem de Sigourney Weaver, é uma das vilãs mais decepcionantes que já vi. O primeiro motivo é sua construção ser muito parecida com Fisk (Vincent D’Onofrio). Ainda que a causa seja nobre, é um pouco cansativo ver multimilionários bem vestidos e introspectivos como algoz máximo o tempo todo. O segundo motivo é sua fragilidade. Ela está doente e não parece oferecer risco. Acaba que, tirando a sua morte prematura e talvez merecida, não ganha nenhuma cena impactante.

Com o seu fim, o posto de grande inimigo cabe a Elektra (Elodie Yung), que não funcionou nada bem em Demolidor, entretanto cumpre seu papel sem prejudicar Os Defensores. Meu maior problema aqui nem é com ela, mas com o alto número de ressurreições – algo que lembra Coven, pior temporada de American Horror Story ao lado de Hotel.

 

Leia a crítica de Punho de Ferro S1

 

Acho extremamente irritante essa constante volta de peças desnecessárias como Bakuto (Ramon Rodriguez), principalmente quando temos uma figura tão eficaz como antagonista quanto Madame Gao (Wai Ching Ho). É impressionante como soa crível que ela realmente tenha toda aquela força. E o que falar quando a baixinha voa após ser acertada pela Jessica Jones? Não sei se eu deveria, mas começo a rir bastante.

A série ainda apresenta um problema muito grande com ritmo. Ela não vai numa crescente de tensão até chegar ao clímax. Pelo contrário, oscila muito durante a caminhada. Além disso, não sabe aproveitar o alto número de coadjuvantes. Se Collen (Jessica Henwick), Stick (Scott Glenn), Misty (Simone Missick) e Claire (Rosario Dawson) têm o merecido espaço, Foggy (Elden Henson), Malcolm (Eka Darville), Trish (Rachael Taylor) e Karen (Deborah Ann Woll) só estão para cumprir tabela mesmo.

 

Leia a crítica de Luke Cage S1

 

Por fim, é preciso evidenciar algumas das passagens que poderiam ser melhor trabalhadas. Há, por exemplo, maneiras muito mais inteligentes de nos contar qual a doença de Alexandra do que ela falar exatamente o que tem para o médico e perguntar se o quadro é o mesmo. Stick fugir tão facilmente das mãos de Elektra, que é pra ser muito poderosa, também não funcionou. Outra coisa é os personagens principais não acreditarem no Danny quando ele conta o que os inimigos querem. Nós estamos exatamente no mesmo universo no qual se passou uma luta muito louca em Nova York durante Os Vingadores. Logo, parem de fazer draminha e aceitem isso.

Acaba que a série frustra um pouco quem tinha muitas expectativas. De qualquer forma, ainda é um bom divertimento para o fim de semana.

 

Obs: Luke Cage foi ótimo ao falar algumas verdades sobre privilégios para Danny.

 

Nota (0-10): 5