Crítica Station Eleven: mistérios que evaporam

Uma epidemia de gripe pega o mundo de surpresa e mata quase a totalidade da população humana. Não está tão longe da nossa realidade, mas é apenas o ponto de partida de Station Eleven, livro da escritora canadense Emily St. John Mandel.

A obra, que se passa principalmente na região dos Grandes Lagos, entre o Canadá e os Estados Unidos, foi adaptada para a televisão por Patrick Somerville. O resultado, uma minissérie de dez episódios da HBO Max, tem um enredo que intercala ações durante a tragédia e 20 anos depois.

A protagonista Kirsten Raymonde (Mackenzie Davis na fase adulta, Matilda Lawler na juventude) sobrevive graças à ajuda de Jeevan (Himesh Patel). Eles acabam se separando e a menina une-se ao grupo Travelling Symphony, que é composto por atores e músicos nômades. Essa salvação no pós-apocalipse de pessoas relacionadas à cultura traz lembrança de O Sétimo Selo, longa-metragem formidável de Ingmar Bergman que se passa durante a mortal peste que assolou a Europa na Idade Média.

Kirsten carrega consigo uma graphic novel chamada Station Eleven, obra que a une, entre outros personagens, ao Profeta (Daniel Zovatto). A partir disso, mistérios são construídos pela minissérie, que avança um tanto irregular.

Enquanto as cenas do passado são plasticamente lindas e pouco de relevante acontece para voltarmos tanto no tempo, as cenas 20 anos depois são pueris, mas com maior densidade de conteúdo.

O pior, todavia, é que os mistérios, que crescem durante a jornada, acabam evaporando na reta final. Não há problema algum na construção de fins mais singelos e humanos. Neste caso, entretanto, fica um sentimento de que fomos enganados. Muito foi prometido e pouco foi entregue – como se tivéssemos comprado ingresso para um show de mágica, mas acabamos sendo levados a uma peça teatral dramática. Pode até ser boa, mas não era o esperado.

Se você não criar expectativas, poderá gostar.

Nota (0-10): 6

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