Crítica Young Royals S3: jornada final melancólica

Cuide o que você pede, pois pode se tornar realidade — e não bem da forma como você deseja.

Após eu reclamar que a segunda temporada de Young Royals manteve na maior parte do tempo o casal Wilhelm (Edvin Ryding) e Simon (Omar Rudberg) afastado quando os problemas são tantos que a trama poderia fluir tranquilamente a partir da união dos dois personagens contra o mundo, o drama da Netflix tratou de reaproximar os protagonistas.

Em seu terceiro e último ano, a atração fez questão de preparar tudo direitinho para o seu desfecho. Temas importantes como saúde mental, cyberbullying e racismo estão presentes e enriqueceram a trama. Todavia, faltaram momentos de leveza para contraporem o tom geral de melancolia.

É muito triste ver que, ainda que fossem abertamente namorados, Wilhelm e Simon quase não tiveram a oportunidade de intercalarem luta com felicidade. O roteiro os emparedou tanto que acabou os distanciando novamente, ainda que juntos.

Faltou ali a esperteza que Heartstopper tem ao lidar com temas pesados e, ainda assim, nos manter apaixonados e reconfortados.

Adolescentes conseguem ser extremamente maduros e imaturos ao mesmo tempo. Entretanto, tivemos uma mistura um tanto heterogênea em demasia em Young Royals. Enquanto os protagonistas navegavam em angústias muito reais, boa parcela dos estudantes estava tão absorta em seus privilégios que parecia estar em um show distinto.

É perfeitamente compreensível a mensagem que a série tenta passar, tanto que em determinado momento Sara (Frida Argento) e Felice (Nikita Uggla) verbalizam que os demais estudantes compram a fuga de seus problemas, como as passagens para Nova York.

Ainda assim, num clima tão pesado, as festas dos estudantes pareceram especialmente descabidas e o texto poderia ter diminuído a presença de alguns coadjuvantes sem trama própria e dado mais espaço para os protagonistas respirarem.

Sim, estou criticando tanto que parece que odiei o que vi. Calma, não é isso. Falho ou não, é de se comemorar um roteiro que tenha levado tão a sério o que foi proposto. O sucesso da série foi tanto que tivemos ainda um episódio de bastidores intitulado Young Royals Forever. Nele, podemos ver bem o carinho que as pessoas envolvidas têm pelo material, o quanto elas acreditam que essa história possa fazer a diferença na vida de muitos jovens em sofrimento.

E a verdade é que fez. Ainda que tenhamos cada vez mais personagens queer na ficção, nem sempre eles são tratados com tanto cuidado e têm a chance de contarem suas histórias do começo ao fim.

Fim? Bem que, daqui a alguns anos, poderíamos ter um filme para mostrar como Wilhelm e Simon estão, já adultos. É um casal que jamais sairá dos nossos corações.

Nota (0-10): 6

Clique aqui para entrar na comunidade do Whatsapp e receber as novidades do Temporada

Deixe um comentário