Assim como Catherine fez história ao governar a Rússia, The Great já consolidou o seu reinado na televisão. A comédia — agora mais dramática — criada por Tony McNamara impressiona ao chegar com total robustez em sua terceira temporada.
Os diferentes aspectos ligados à produção funcionam muito bem. A começar pelo figurino magistral. Vale ressaltar que a figurinista Sharon Long venceu um Emmy pelo seu trabalho na série, no ano passado, e tem tudo para levar a estatueta novamente. Cada traje é tão ricamente pensado, com detalhes especiais, texturas que, assim como The Great, fogem do convencional.
Roupas foram feitas para serem vestidas — e os atores vestem seus personagens com muita dedicação. Chegou a hora de Elle Fanning receber todos os prêmios possíveis pela sua performance como a imperatriz. Da dor ao tesão, é incrível o trabalho que ela entrega. O roteiro exige muito da atriz, que corresponde a tudo que dela demandado.
Seus súditos também não deixam a desejar. Nicholas Hoult, com missão dupla na pele de Peter e Pugachev, brilha com ambos. Adam Godley, que encarna o arcebispo, faz uma temporada particularmente espetacular. Também é bem-vindo o destaque maior dado a Belinda Bromilow e sua tia Elizabeth.
Esse é um quarteto que precisa ser reconhecido na próxima temporada de premiações, bem como o roteiro e a direção. O texto, em especial, é de um brilhantismo ímpar. Consegue fazer com que completos absurdos soem hilários. Óbvio que estamos falando de um humor peculiar e é compreensível que não seja do gosto de todos. Entretanto, se está em consonância com quem assiste, é um deleite.
O roteiro, em especial, foi ousado neste ano. No sexto episódio — grande spoiler a partir de agora —, intitulado Ice, e no décimo, Once upon a time, tanto Peter quanto Pugachev morrem, provavelmente encerrando a participação de Hoult na série. É uma decisão interessante porque durante os dois primeiros anos, nós queríamos que Peter sucumbisse.
A atração não nos deu esse prazer. Fez com que nós nos afeiçoássemos a ele e quando finalmente torcemos pelo casal, o gelo se rompe. É uma escolha que pode ter repercussão negativa com boa parcela do público, mas já passava da hora de acontecer. A situação de Peter era parecida com a de Brody (Damian Lewis) em Homeland. Este também durou três temporadas. No entanto, finalmente deu o espaço necessário para a protagonista seguir em frente.
Leia a crítica de The Great S2
The Great deixou nítido que Catherine precisava seguir em frente. Seu reinado era constantemente minado pelo seu amor. O luto foi difícil, talvez até pontuado em excesso pela série, que deixou piadas de lado durante a maior parte da segunda metade dos 10 episódios, mas teve um propósito. Os minutos finais foram de tirar o fôlego.
Quando Catherine dançou, conseguiu exorcizar os seus demônios. Ela renasceu e será maravilhoso acompanhar a nova etapa de sua vida.
Nota (0-10): 10