Sabe aquelas comédias que não são muito badaladas, mas você morre de amores quando assiste? Casos recentes são Somebody Somewhere, atualmente em sua segunda temporada; Schitt’s Creek, que felizmente ganhou a merecida fama na reta final; e, agora, The Other Two, produção criada por Chris Kelly e Sarah Schneider.
A atração acompanha a família Dubek: a matriarca Pat (Molly Shannon), a filha mais velha Brooke (Heléne Yorke), o filho do meio Cary (Drew Tarver) e o caçula Chase (Case Walker). Ainda temos Streeter (Drew Tarver), que se relaciona amorosamente com Pat e gerencia as carreiras dela e de Chase, ao lado de Brooke; Lance (Josh Segarra), que era namorado de Brooke; Curtis (Brandon Scott Jones), amigo de Cary, ambos gays e aspirantes a atores; e Shuli (Wanda Sykes), executiva da gravadora de Chase.
Todos estão de alguma forma envolvidos na indústria do entretenimento. Brooke e Cary, os protagonistas, cumprem nas duas primeiras temporadas os papéis de “patinhos feios” da família, já que Chase, ainda adolescente, atingiu enorme sucesso com uma música publicada na internet e a mãe, na esteira do filho, tornou-se apresentadora de TV e escritora. Enquanto a fama chega fácil para o caçula e Pat, os outros dois enfrentam dificuldades para prosperarem na vida.
Essa jornada de altos e baixos é maravilhosa de acompanhar. A série consegue criar arcos de desenvolvimento sólidos para os personagens, sem nunca deixar de lado o humor. O roteiro é, em muitos momentos, de aplaudir de pé — e quase sempre de gargalhar.
Em meio a tantas confusões, também temos momentos ternos e reflexivos. Um bom exemplo é o capítulo Chase Gets Baptized, que critica essas religiões com ar descolado, mas tão preconceituosas quanto aquelas caretas que a maioria de nós foi obrigado a frequentar.
Brooke & Cary Go to a Fashion Show também nos atinge de modo especial, pois consolida a exaustão que Pat já vinha apresentando durante os 10 episódios do segundo ano.
Entre tantas tramas, ainda vale pontuar a de Pat Gets an Offer to Host “Tic Tac Toe”, em que Cary sai com um ator que não é gay, mas finge interesse apenas para conseguir boa publicidade com a relação de fachada.
Como podem ver, o caminho da fama não é apenas glamour. Aliás, está longe de ser o que todos sonham. Não que seja ruim, mas é interessante ver como os personagens precisam lidar com as suas expectativas destroçadas por uma realidade muito mais cansativa e cínica que os filtros do Instagram tentam passar.
O melhor é que a série consegue equilibrar bem essa mistura de vitórias, derrotas e frustrações. Impossível não ficar ansioso pelas novas aventuras da terceira temporada.
Nota (0-10): 9