Crítica Dead Ringers: Rachel Weisz eleva conteúdo morno

Sabe aquela piada “promete tudo e entrega nada”? Não é bem o caso de Dead Ringers, mas quase. A minissérie do serviço de streaming Amazon Prime é uma adaptação do filme de mesmo nome dirigido por David Cronenberg em 1988, obra que por sua vez se inspira no livro Twins, de Bari Wood e Jack Geasland.

A mais recente produção é estrelada por Rachel Weisz, que entrega performances robustas ao viver as gêmeas Beverly e Elliot Mantle. A atriz consegue dar personalidades distintas para duas mulheres que são, na aparência, completamente iguais — a direção nos ajuda a diferenciá-las deixando uma com o cabelo solto e a outra, preso. É uma forma também eficaz de traduzir em estilos dois polos opostos e dependentes.

Voltando para a parte de prometer muito, mas entregar pouco: temos aqui uma relação conflituosa muito interessante entre as irmãs e uma direção impecável que sabe construir bem o clima de tensão. O problema é que essa direção é tão boa em criar esse suspense que é frustrante quando vemos que o roteiro não consegue nos entregar momentos de clímax. Há toda uma expectativa nunca saciada.

Até mesmo o desfecho, ainda que decente, não tem impacto por parecer pouco crível. A minissérie não se esforça em explicar — enormes spoilers à frente — como Elliot fez desaparecer não apenas o corpo da irmã, mas dos dois fetos gestados artificialmente. Outra grande questão: como Genevieve (Britne Oldford) percebe facilmente que as irmãs trocaram de lugar num dos primeiros capítulos e, após mais convívio ainda com a mulher que ama, não consegue identificar que já não é mais Beverly ao seu lado?

Os personagens coadjuvantes também estão longe de ajudar. Greta (Poppy Liu) é a maior decepção. Sua história é enfadonha e mal desenvolvida, poderia ser cortada sem prejuízo algum ao material. Rebecca (Jennifer Ehle) desperta curiosidade por fazer alusão à família Sacker, mas não passa muito disso.

A participação de Silas (Ntare Guma Mbaho Mwine) é um ponto positivo, ainda que seja muito bizarra a forma como Elliot o conta tudo que não deveria contar. Este é um aspecto a salientar: Elliot é muito desequilibrada para ter as conquistas que tem. Beverly, por sua vez, nos cansa com a sua apatia. É uma balança muito desregulada.

O mais engraçado é que, apesar de tudo isso, é uma minissérie que vale assistir. Weisz é tão boa e tecnicamente a produção mostra-se tão impecável que vira uma espécie de guilty pleasure.

Nota (0-10): 6

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