Crítica Wednesday S1: sucesso compreensível

Um dos maiores sucessos recentes da Netflix, Wednesday, adaptação televisiva criada por Alfred Gough e Miles Miller, acompanha a personagem-título em sua nova escola, lugar para onde foi após jogar piranhas em um piscina como forma de vingança daqueles que praticaram bullying com o seu irmão mais novo.

Wednesday — ou Wandinha para os brasileiros — integra a família Addams, que já teve atrações anteriores e faz parte da cultura pop. Isso certamente ajudou a impulsionar a nova produção, que é protagonizada por Jenna Ortega. A atriz faz um ótimo trabalho na condução da trama. Sua natural doçura ajuda nos aproximar de uma figura fria.

Esse ponto não convence. Desde a primeira sequência, fica óbvio que, ainda que disposta a crueldades, a jovem Addams é dotada de empatia, caso contrário não defenderia o irmão. Em todos os oito episódios da primeira temporada, vemos repetidas vezes como ajuda os outros. A frieza é só casca, mas faz parte de uma onda recente de anti-heróis como protagonistas — algo impulsionado pelo estrondoso sucesso de Walter White em Breaking Bad.

A série tenta nos vender gato por lebre e consegue, pois é inegável que tem um charme transgressor próprio. O estilo fúnebre de Wednesday e os muitos seres fantásticos que integram a narrativa dão um toque especial ao batido drama de ensino médio. O roteiro é nada espetacular, mas tem a capacidade de funcionar bem para crianças, adolescentes e adultos. O próprio monstro, com seus olhos enormes e infantilizados, demonstra que a ideia é amedrontar, mas não afugentar.

Fico em dúvida se não seria melhor trazer tons mais sombrios. Vecna em Stranger Things é bem assustador e nem por isso a série deixou de funcionar com todos os públicos.

Vale frizar que Stranger Things é uma das atrações mais bem orquestradas e consistentes que já vi. Mesmo que tenha o envolvimento do lendário Tim Burton, Wednesday está léguas de distância de chegar a tal maestria. Talvez nem queira.

O episódio de encerramento do primeiro ano, entretanto, demonstra como consegue construir um clímax que vale a jornada percorrida até então. Ainda que com tropeços, atravessa a linha de chegada com fôlego para a próxima maratona.

Nota (0-10): 6

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