Crítica Interview with the Vampire S1: romance gay em foco

A autora Anne Rice, que morreu aos 80 anos no fim de 2021, escreveu mais de 30 livros. O seu maior sucesso foi Interview with the Vampire, obra adaptada para o cinema em 1994 com as presenças de Brad Pitt, Tom Cruise e Antonio Banderas. Se o longa-metragem apenas tinha uma carga homoerótica mascarada, a nova produção baseada no mesmo sucesso literário imerge de vez no romance carnal de Louis de Pointe du Lac (Jacob Anderson) e Lestat de Lioncourt (Sam Reid).

A série da AMC, criada por Rolin Jones e com sete bons episódios em sua primeira temporada, foca nas décadas do relacionamento dos protagonistas em New Orleans, terra natal de Rice. Certa vez, a autora falou sobre a metáfora por trás de seus personagens vampirescos: “desde sempre, eu acho que eles são a melhor metáfora para o outsider presente em todos nós”. É isso que vemos em tela, principalmente com Louis, que, ao ser negro na trama, precisa lidar não apenas com a homofobia, mas com o racismo exacerbado no início do século passado. Se a discriminação já é ruim hoje, imagine como era no sul dos Estados Unidos poucas décadas após a Guerra da Secessão.

A produção acerta o tom ao mostrar um casal queer equilibrando-se entre manter as aparências e viver seu amor. Intercalando cenas do passado com uma entrevista concedida por Louis ao jornalista Daniel Molloy (Eric Bogosian) em Dubai, no ano de 2022, o drama avança no tempo correto. Após estabelecido o romance dos protagonistas, entre em cena a jovem Claudia (Bailey Bass), responsável por alterar drasticamente a dinâmica da casa. Ainda que a atriz pareça muito velha para uma personagem de 14 anos, é algo a ser relevado, já que ela não pode aparentar ganho de idade em temporadas futuras. A vivacidade da atriz também conta muito para deixarmos o aspecto físico de lado.

O jogo de xadrez entre Lestat e Claudia, que tem Louis ao seu lado, dá a tônica do resto do primeiro ano. Uma briga interessante, mas sentimos falta de mais desafios externos. Há pouco incômodo vindo do resto da cidade, que enxerga corpos sendo empilhados e o trio sem envelhecer nada com o passar das décadas. O atrito crescente que resultou no bordel ardendo em chamas parecia prenúncio de tempos mais conflituosos. Todavia, após isso, os vampiros fecharam-se para o mundo e pouco foram incomodados.

Outro ponto negativo a ser destacado é a trilha musical, carregada de tom cafona por vezes. O melhor exemplo é a cena de sexo de Louis e Lestat, quando eles flutuam. Ficou nada sexy. Para uma série com seres lindos e perigosos, faltam momentos que nos despertem a libido, um jogo de cena erótico. Mais tesão, menos papais em crise.

Nota (0-10): 7

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