John Paul (Claes Bang) é um homem asqueroso, machista, manipulativo, mentiroso, cruel, religioso. É a personificação daquilo que chamamos aqui no Brasil de “cidadão de bem”. Ele, no caso, vive na Irlanda – mostrando bem que a performance de cristão pai de família não é um fenômeno local.
Seu poder destrutivo faz com que as irmãs Eva (Sharon Horgan), Becka (Eve Hewson), Bibi (Sarah Greene) e Ursula (Eva Birthistle) se reúnam com o intuito de matá-lo. O ato seria uma forma de livrar Grace (Anne-Marie Duff), irmã delas, da garra de John Paul, com quem é casada. Também acabaria ajudando Blanaid (Saise Quinn), filha do casal.
Esses são os protagonistas de Bad Sisters, comédia dramática criada por Horgan, Dave Finkel e Brett Baer, uma adaptação da minissérie belga Clan, de Malin-Sarah Gozin. A trama se divide em duas linhas temporais. Na primeira, as irmãs armam diferentes planos para assassinar o cunhado. Na segunda, com ele já morto, os irmãos Thomas (Brian Gleeson) e Matthew (Daryl McCormack), que são da seguradora, tentam descobrir se há algo além da versão oficial de que a morte ocorreu por meio de acidente. Eles fazem isso com o intuito de não precisar dar o dinheiro de Grace, a viúva, já que os próprios irmãos faliriam se isso fosse necessário.
O trunfo da produção fica por conta das quatro irmãs que tentam a todo custo dar um fim a John Paul. As atrizes estão bem em seus papéis e essa ligação macabra entre elas é boa de acompanhar. O roteiro é construído de modo consistente, pena que não explora mais o poder cômico delas, além de demorar muito em certas resoluções e trazer algumas respostas manjadas.
Logo nos primeiros episódios fica nítido que as quatro irmãs não são as verdadeiras responsáveis pelo homicídio. Deixa de ser apenas uma pergunta de como ocorreu, mas quem matou. Seguindo a linha de produções do tipo, que geralmente revelam que o assassino é alguém até então pintado como neutro pelo roteiro, sobram poucas alternativas e a identidade de quem cometeu o crime em Bad Sisters pode ser intuída a léguas de distância.
Além disso, os muitos planos fracassados das irmãs ficam cansativos a certa medida. Sem contar que a morte de Minna (Nina Norén) é horrível demais para se achar graça. Simplesmente foram longe demais em tanta trapalhada.
E a própria permanência de John Paul aterrorizando a todos durante dez episódios causa incômodo. Pior ainda ao ver Grace se sujeitar às violências do marido, sejam físicas ou emocionais, com tanta apatia.
As presenças de Thomas e Matthew também não acrescentam muito. Thomas deveria funcionar como um alívio cômico, mas é muito irritante e inconveniente pra isso. Matthew é sem graça.
Acaba que a série, ainda que bem feita, demora muito para acertar o alvo.
Nota (0-10): 6