No cinema, existem muitos realizadores os quais o nome precede a obra. Saber que Nope existe muda completamente a expectativa da pessoa quando o título é associado a Jordan Peele. The Fabelmans é um filme obrigatório para a esta temporada de premiações não apenas pelas boas críticas, mas por ser o mais recente de Steven Spielberg.
A televisão também conta com alguns nomes consolidados. Shonda Rhimes e suas reviravoltas rocambolescas. Ryan Murphy e sua oscilação entre a ousadia e o exagero. Vince Gilligan e a maestria de seus textos.
A mais recente adição a esse time de notáveis fez uma eficaz transição entre as telas grande e pequena. Trata-se de Mike Flanagan, que nos brindou com as robustas Midnight Mass e The Haunting of Hill House.
Em sua nova empreitada, Flanagan junta-se a Leah Fong como criadores de The Midnight Club, uma adaptação das obras literárias de Christopher Pike. É uma atração que, infelizmente, torna-se um ponto baixo para o especialista em terror.
No enredo, um grupo de jovens com doenças terminais está em um casarão em tratamento paliativo. Eles se reúnem todos os dias, meia-noite, para contar histórias. Isso faz com que todos os episódios sejam entrecortados por contos que se tornam um anticlímax para o suspense envolvendo o passado e os fantasmas da mansão.
O pior aspecto da série é terminar sempre com um gancho chocante e, no capítulo seguinte, nos dar um banho de água fria e voltar imediatamente para o drama arrastado. Em nenhum momento a produção consegue pisar de maneira sólida com os dois pés no terror e nos rodear por uma aura que nos dê calafrios.
E nessa insistência cansativa de não revelar se há de fato algo de milagroso no local faz com que a protagonista, Ilonka (Iman Benson), se torne uma criança birrenta e por vezes desagradável.
Além disso, a série, que se passa nos anos 1990, tem uma visão já batida de alguns fatos, como a briga e reconciliação entre a jovem cristã e o garoto gay com HIV. No contexto brasileiro atual, em que fundamentalistas religiosos evangélicos se aliaram a neofascistas para fazer o país voltar à Idade Média, essa fácil paz dos povos parece um discurso infantil demais.
Até mesmo a questão da fotografia, de grande beleza nos trabalhos televisivos anteriores de Flanagan, não passa do correto. Num todo, a série soa uma grande enrolação.
Nota (0-10): 2