Crítica Sandman S1: uma boa atração

Confesso que comecei a assistir à série Sandman, da Netflix, sem muita expectativa. Apesar da adaptação televisiva de Neil Gaiman, David S. Goyer e Allan Heinberg ter uma recepção favorável, meu contato anterior com Gaiman não fora dos melhores. Não gostei de American Gods, tanto o livro quanto a série. A mistureba mitológica do autor me cansa. Mesmo assim, dado o burburinho com a nova produção, resolvi ver.

E não me decepcionei. Sandman está longe de ser perfeita, mas agrada. Gostei muito que a primeira temporada, com dez episódios, é dividida em dois arcos principais. Dessa forma, a produção dá o tempo necessário para o desenvolvimento das tramas sem esticar em demasia os atos.

Na primeira parte, Dream (Tom Sturridge) é aprisionado por mais de 100 anos no nosso mundo. A grande sacada do material de origem é associar a captura do responsável pelo mundo dos sonhos, em 1916, com uma doença real que fez com que milhões de pessoas inexplicavelmente pegassem no sono e não acordassem mais.

Já na década atual, Dream consegue se libertar e precisa recuperar três artefatos poderosos que foram tirados dele. No quinto episódio, ele enfrenta John (David Thewlis) e encerra a busca. Vale frisar que este capítulo em si é bem interessante e fecha a primeira parte em alta.

O sexto capítulo reúne Drem e Death (Kirby Howell-Baptiste), que virou uma das personagens favoritas do público. Além do papo com a irmã, o protagonista também revê um amigo de séculos, numa sequência de encontros que coroa este como o melhor episódio do primeiro ano.

A partir do sétimo, entramos no arco de Rose Walker (Vanesu Samunyai), o Vortex dos Sonhos. Sua narrativa dá mais espaço para Corinthian (Boyd Holbrook), que antagoniza Dream desde o princípio, mas até então sem tanto tempo de tela. O personagem é sensual e sádico, pena não ser melhor explorado. Desire (Mason Alexander Park) também tem algumas cenas e nos seduz, mas igualmente carece de melhor construção como personagem que quer destruir Dream. Falta mais ousadia.

De modo geral, os atores estão muito bem e conseguem deixar uma impressão positiva, ainda que num espaço diminuto. Um bom exemplo é Gwendoline Christie, que calou os fãs que criticavam a escalação de uma mulher para o papel de Lucifer.

Esse é outro aspecto bom da série: há muita fluidez na diversidade em cena. Todo mundo está natural em seu papel, mesmo em casos com mudança entre o material de origem e a adaptação televisiva.

São ajudados por um roteiro correto, mas nem sempre pelos efeitos especiais, que em muitos casos são bons, mas às vezes deixam a desejar – sim, aquela cabeça de abóbora tosca dá um tom infantilizado para a obra.

Acaba que a série não chega perto do brilhantismo dos primeiros anos de Game of Thrones, mas é superior a outras produções do gênero. Vale conferir a continuação.

Nota (0-10): 7

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