Um matador de aluguel pode mudar de vida? Na série Barry, da HBO, o personagem-título até tenta, mas tem cada vez mais dificuldade de deixar seus assassinatos no passado.
Criada por Alec Berg e Bill Hader, este último também protagonista, a produção já nos ofereceu momentos brilhantes nessa jornada agridoce. Durante duas temporadas, conseguiu nos manter na frente da tela com o clima slow-burning. Chegado o terceiro ano, chegou a hora de perguntar: o que diabos está acontecendo?
Barry vaga perdido entre mortes e testes de elenco. A série, assim como ele, parece ter esquecido o motivo de sua existência e apenas arrasta-se carregando o peso de mil corpos rumo a ninguém sabe onde.
É uma densidade boa para dramas como Breaking Bad, mas pouco favorável para uma dramédia de meia hora de duração por episódio. O desânimo do protagonista é tão grande que nos atinge em cheio e acaba por matar o que não deveria em hipótese alguma: nossa vontade de continuar assistindo.
Assim como Barry, Fuches (Stephen Root) e Cousineau (Henry Winkler) estão longe de nos animar. A tarefa de nos resgatar da apatia recai sobre os ombros de Sally (Sarah Goldberg) e NoHo (Anthony Carrigan).
A jornada da atriz é muito interessante, com uma crítica ferrenha aos algoritmos. É uma pena que Goldberg não seja mais reconhecida pelo trabalho, que chegou ao seu ápice neste ano.
Agora vamos falar sobre os verdadeiros protagonistas: NoHo e Cristobal (Michael Irby). O casal vive uma versão moderna de Romeu e Julieta. São de gangues rivais que estão em colisão. O latino é casado com a filha do chefão do tráfico para quem trabalha. Há tantos problemas envolvidos, mas os dois lutam pelo seu amor. Um pouco piegas, mas bem mais interessante que o resto. Bem que poderiam ter um spin-off só deles – ou melhor, deveriam matar o resto dos personagens e renomear esta série.
Nem tudo está perdido para Barry, mas está na hora de injetar um pouco de ânimo na produção.
Nota (0-10): 4