A produção inglesa Downton Abbey é um sucesso inegável. Com seis temporadas da série e dois filmes, um deles recém entrando em cartaz, o trabalho trouxe mais prestígio para o já vencedor do Oscar Julian Fellowes. Com esse histórico, nada mais natural que transportar a mesma fórmula para o Novo Mundo.
Assim nasce The Gilded Age, um drama igualmente comandado por Fellowes que divide seu olhar entre os abastados do andar de cima e os explorados do andar de baixo. O criador, que cruzou o Atlântico e resolveu se instalar na Nova York da segunda metade do século 19, até tenta, mas não consegue dar charme à atração norte-americana, que nos desperta algo entre o aborrecimento e a indiferença.
Nem mesmo a sempre formidável Carrie Coon tem o poder de nos salvar. Verdade seja dita, sua Bertha Russel e o marido dela, George (Morgan Spector), têm um início promissor. Quando este friamente humilha a elite, dá a entender que teremos uma trama mais ousada. Todavia, logo o ânimo se esvai e as brigas voltam-se à questão dos bailes da alta sociedade.
É impressionante como nenhuma das tramas consegue ser desenvolvida de maneira satisfatória. Até mesmo Peggy Scott (Denée Benton), mulher negra que quer ser jornalista, é jogada nesse marasmo completo.
Marian Brook (Louisa Jacobson), a protagonista, sofre com a falta de um roteiro decente. As irmãs Ada Brook (Cynthia Nixon) e Agnes Van Rhijn (Christine Baranski) até recebem algumas tiradas interessantes, mas são só mais alguns dos tantos elementos inúteis da história.
Situação pior fica para o pessoal do andar de baixo, não apenas explorado pelos patrões, mas ignorado pela série. Os enredos voltados para os trabalhadores são poucos – e no caso da vilã unidimensional Turner (Kelly Curran), seria melhor nem ter trama alguma.
No fim das contas, até o que é bom fica ruim porque, sinceramente, já não me importo com nada nem ninguém. Só nos resta analisar a beleza dos figurinos.
Nota (0-10): 3