Criada por Sterlin Harjo e Taika Waititi, a série Reservation Dogs  é uma celebração ao povo nativo norte-americano. Filmada em Oklahoma, a produção dá poder aos indígenas, que dominam o trabalho na tela e atrás das câmeras.

Na história, os adolescentes Elora Danan Postoak (Devery Jacobs), Bear Smallhill (D’Pharaoh Woon-A-Tai), Cheese (Lane Factor) e Willie Jack (Paulina Alexis) cometem crimes com o intuito de juntar dinheiro e viajar para a Califórnia. Eles acabam percebendo-se ameaçados com a chegada de um grupo rival.

O começo é morno, mas logo o enredo ganha tração e diz ao que veio. Uma cena interessante é quando Bear fala da dificuldade em ser o líder do quarteto, arrancando risadas dos demais, que não o enxergam como sendo. O pequeno trecho exemplifica o espaço que cada um tem na trama. Não há um protagonista, todos os quatro têm o seu momento para brilhar – e com episódios solos conseguem nos emocionar e dar profundidade às suas existências.

Reservation Dogs se descola de outras produções teen com facilidade. Ainda que tenhamos situações comuns de quem entrará para a vida adulta, aqui há um frescor trazido pelo olhar de quem raras vezes foi representado na ficção. Pior que isso, um povo visto a maioria das vezes pelo olhar estereotipado do homem branco.

Harjo e Waititi conseguem misturar a dureza de certas situações com humor de riso fácil. O espírito interpretado por Dallas Goldtooth e a dupla Mekko (Funny Bone ) e Mose (Lil Mike) bem mostram a capacidade de trazer graça à atração.

Ainda que muito boa, a série não tem a pretensão de abandonar um estilo mais calmo e singelo de produção independente. Não precisa, já que funciona um tanto como Big (Zahn McClarnon), que traz sabedoria em seu jeito sereno de conduzir o trabalho.

A produção faz crescer ainda mais a relevância de Waititi para a indústria cultural. Ao lado de What We Do in the Shadows, temos outro trabalho imperdível.

Nota (0-10): 8