Crítica Pose S3: um marco televisivo

Uma celebração à diversidade queer. Pose estreou quebrando barreiras ao trazer o maior elenco trans já visto em uma produção televisiva. As atrizes não apenas nos encantaram, mas ganharam ainda mais visibilidade a partir do segundo ano, quando Evan Peters, Kate Mara e James Van Der Beek saíram de cena para os holofotes se voltarem exclusivamente para Mj Rodriguez, Dominique Jackson e Indya Moore – além de Billy Porter, claro.

A série criada por Ryan Murphy, Brad Falchuk e Steven Canals é um marco televisivo. Festejou a comunidade LGBTQIAP+ dentro e fora das telas. Sua história começou na década de 1980, com o avanço da epidemia de Aids, e terminou perto da virada do milênio, em um contexto diferente, de esperança. A última sequência, como não poderia deixar de ser, foi em um ballroom.

Durante três temporadas, tivemos um caminho de muitas alegrias e oscilações. Após um primeiro ano perfeito, o roteiro tornou-se um tanto pedestre por parte do percurso. Neste terceiro ano não foi diferente: nos negaram o básico, que são arcos desenvolvidos propriamente durante os oito episódios. A estrutura do drama lembra muito a de The Crown, em que cada episódio funciona sozinho. Enquanto este faz por razões óbvias, já que cada temporada aborda uma década da vida da realeza, Pose parece adotar o mesmo tom quase por desleixo.

Por exemplo, a ascensão de Elektra (Jackson) poderia muito bem ser trabalhada durante a primeira metade do terceiro ano. Ao invés disso, resolveram torná-la rica em um par de minutos no início do quinto episódio. Num piscar de olhos, ela passara a ser alguém que, por causa da ligação com a máfia, poderia esbanjar dinheiro como bem entendesse.

Se em um episódio Angel volta a se drogar, no próximo já está completamente viciada e vai à reabilitação. Ao reaparecer, é outra pessoa prestes a casar. Ou seja, não há uma transição suave, os roteiristas não souberam trabalhar bem os desafios de encerrar a história em tempo limitado.

Entretanto, por mais que erre, a série tem acertos inquestionáveis. Após dois episódios mornos, a terceira temporada paga tributo aos protagonistas com capítulos centrados neles. O terceiro vai para Elektra, que nos revela um pouco do seu passado – com Jackson interpretando uma versão mais jovem da personagem, algo estranho, mas nada que comprometa tanto.

O quarto é dedicado a Pray Tell (Porter), que vai contar para a sua família, no interior, que está morrendo. É a chance que Porter, vencedor do Emmy, teve para conquistar sua terceira indicação ao prêmio pelo papel.

Por falar em indicação, mais que merecida a de Mj Rodriguez, intérprete de Blanca. Primeira trans a ser nomeada ao prêmio de melhor atriz de drama, ela faz História. Pena Jackson não ter recebido uma indicação para atriz coadjuvante, já que está melhor que Aunjanue Ellis, de Lovecraft Country, e Emerald Fennell, de The Crown.

Ainda sobre os pontos positivos, vale ressaltar o sexto episódio, Something Old, Something New. Centrado no casamento de Angel e Lil Papi (Angel Bismark Curiel), já está no radar do Temp como forte candidato ao melhor do ano. Pode ser piegas, mas foi lindo. É o direito de uma mulher trans ter o que as cis têm. Por isto que lutamos: respeito e direitos iguais em nossa sociedade. Encerro com Curiel cantando I Swear, momento que me levou às lágrimas.

Nota (0-10): 7

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