Pandemia, isolamento, apreensão. Tivemos em 2020 um verdadeiro teste para a nossa saúde mental – como se os anos anteriores já não tivessem sido ruins o suficiente. Em cenário de tanto caos, a cultura mostrou-se mais importante do que nunca. Coube a ela apaziguar corações e manter aceso o espírito de luta.
Após Years and Years levar o prêmio de melhor atração em 2019, o Troféu Temp chega à sua quarta edição. Abaixo, o criador do Temporada, Douglas Roehrs, apresenta as suas escolhas para produções de destaque em 2020.
Melhor atração do ano: The Queen’s Gambit
A minissérie gerou grande repercussão – muito merecida, por sinal. Pode até não ser tecnicamente tão perfeita e grandiosa quanto The Crown, por exemplo, mas fez com que a precisão de sua trama e de sua protagonista desse a ela o topo do pódio. Quando há esmero no desenvolvimento de uma produção, qualquer tema pode levar seus envolvidos a um xeque-mate – e tratando-se do show em questão, é isso que ocorre, sem sombra de dúvidas.
Melhor série: The Good Place
Consistente e inovadora, a comédia de Michael Schur encerrou seu ciclo com um desfecho sensível e gratificante. As naturais interpretações nos fizeram sorrir diante de personagens aos quais nos acostumamos nos últimos anos. Deixará saudade.
Melhor minissérie: Mrs. America
Estados Unidos, década de 1970. Enquanto o movimento feminista ganha destaque, uma mulher esforça-se ao máximo para deter as suas vitórias. Phyllis Schlafly, vivida irretocavelmente por Cate Blanchett, representa a típica mãe de família cristã apegada aos costumes de subserviência. Ocorrido durante anos, o embate entre forças progressistas e conservadoras move a minissérie, um trabalho imperdível.
Melhor episódio: Genre (Westworld)
Uma escolha interessante. Em um momento em que a série pareceu perdida e desinteressante, Genre surgiu como um exercício louvável de amor à arte. A direção precisa de Anna Foerster nos fez navegar em diferentes gêneros em meio a uma perseguição que nos deixou atentos.
Melhor performance do ano: Shira Haas (Unorthodox)
Haas foi o grande achado do ano. Catapultada ao estrelato, brilhou em uma minissérie intimista e delicada. Conforme ressaltado na crítica do drama, sua expressividade não demandou rompantes de ira e fluiu naturalmente em campo onde fora semeada a desolação.
Segunda melhor performance do ano: Catherine O’Hara (Schitt’s Creek)
A série despediu-se do público em sua melhor forma – tanto que abocanhou todos os principais prêmios de comédia do Emmy deste ano. Mais uma vez parabenizar o trabalho de O’Hara é uma forma de mostrar sua grandeza em cena. No entanto, ao mencionar ela, estendo as felicitações para o resto de elenco, que nos encantou durante seis lindas temporadas.
Terceira melhor performance do ano: Daisy Edgar-Jones e Paul Mescal (Normal People)
Pode parecer estranho um empate, mas não há como dissociar essas atuações. Edgar-Jones e Mescal têm uma sintonia incrível, um poder que nos seduz e faz a trama de Normal People pulsar. Em cena, fundem-se e transbordam amor.