Viril, sedutor, irresistível. O arquétipo do vampiro traz traços de um ser mítico e sexy que habita as sombras. Na maioria das vezes, mas nem sempre. O insaciável bebedor de sangue também pode ser desajeitado e pouco atrativo.
Com personagens excêntricos e carismáticos, What We Do in the Shadows revela uma face mais destrambelhada desses meio-morcegos. Assim como seus protagonistas, a atração percorreu um caminho peculiar. Em 2005, nasceu como curta-metragem de Taika Waititi e Jemaine Clement. Anos depois, virou longa. Após, deu origem à série neozelandesa Wellington Paranormal. Em 2019, ao produto em destaque neste texto.
Sua narrativa surge com um charme extra ao adotar o estilo pseudodocumental – ou seja, uma ficção travestida de realidade ao imitar a forma de gravação mais usual em documentários.
Na trama, acompanhamos quatro vampiros que moram na mesma casa em Staten Island: o casal Nadja (Natasia Demetriou) e Laszlo (Matt Berry), Nandor (Kayvan Novak) e Colin Robinson (Mark Proksch). Além deles, ainda temos a graciosa presença de Guillermo (Harvey Guillén), humano servil a Nandor na esperança de ser transformado em vampiro também.
A exceção de Colin, que algumas vezes aborrece não apenas os seus colegas, mas nós também, o grupo funciona bem em tela e consegue arrancar boas risadas. Na segunda temporada em particular, há diversas situações cômicas interessantes que resultam da inserção de novos seres míticos, como zumbis e fantasmas.
Ao expandir o próprio universo, a produção permite um número maior de bizarrices – o que evidentemente contribui para a qualidade de um show que tem uma pegada tão descompromissada e irreverente.
Por outro lado, essa comentada despretensão faz com que a série muitas vezes pareça não alcançar o potencial que tem. Sacadas inteligentes como afirmar que Colin é um caso raro de ser 100% branco – o que me fez rir muito – são poucas.
Acaba que What We Do in the Shadows mostra-se uma perfeita opção para ver com os amigos nos fins de semana. Não está entre as produções indispensáveis. Todavia, certamente vale ser acompanhada.
Nota (0-10): 8