Crítica Westworld S3: indecifrável

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Lisa Joy e Jonathan Nolan tinham uma responsabilidade muito grande quando criaram Westworld. A então nova atração da HBO nascia na sombra de Game of Thrones e cabia a ela ser o novo sucesso da emissora.

O primeiro ano mostrou-se realmente promissor. O enredo foi costurado com calma e The Bicameral Mind merece aplausos. A segunda temporada, por outro lado, oscilou mais e deixou visíveis suas fraturas. Terminou com o saldo positivo, mas nos deixou receosos quanto ao futuro da série.

Então, após dois anos de espera, chegou a terceira temporada. Tão implacável quanto a Dolores (Evan Rachel Wood), a atração provou estar disposta a arriscar e não cair na zona de conforto. O parque foi praticamente esquecido e o mundo real tornou-se o palco de grandes confrontos. Todavia, apesar ousar, o resultado é indecifrável.

Fomos presenteados com perseguições de tirar o fôlego, muitos tiros, explosões, novos mistérios. O problema é que em meio a tantas revelações e violência, em nenhum momento eu consegui formular com exatidão uma opinião sobre o que estava vendo. Estamos diante de uma Westworld corajosa e bem estruturada? Ou de uma produção que se perdeu no tempo?

Uma primeira crítica que faço é com relação à demora entre uma temporada e outra. Pode-se argumentar que GoT, por exemplo, também precisou de mais tempo em sua reta final. A diferença, entretanto, é que ela era um fenômeno discutido e lembrado cotidianamente. Nós líamos sobre o que já ocorrera e talvez viesse a ocorrer. A atração sempre estava fresca em nossa mente – algo que não ocorre com Westworld.

Após dois anos, eu não lembrava exatamente em que condições a trama havia sido interrompida. E ao contrário do que fiz com Dark, não estava disposto a assistir aos episódios antigos novamente para lembrar com precisão a história.

A segunda crítica é com a inserção de novos elementos. Caleb (Aaron Paul) pareceu uma figura apática e irrelevante na maior parte do tempo. Serac (Vincent Cassel) até funcionou como antagonista, mas sua interação com Maeve (Thandie Newton) foi frustrante. Eu, particularmente, esperava um arco muito melhor para esta.

Os velhos personagens foram subutilizados em sua maioria. Hector (Rodrigo Santoro) não passou de um brinquedo de luxo. Stubbs (Luke Hemsworth) e o Homem de Preto (Ed Harris) pareceram perdidos. A aparição de Clementine (Angela Sarafyan) nem ao menos entendi.

Leia a crítica de Westworld S2

Por outro lado, é preciso festejar episódios como Genre. Esse capítulo foi simplesmente espetacular. A brincadeira com diferentes gêneros tomou conta da história de forma tão orgânica e interessante. A direção de Anna Foerster merece aplausos.

Já renovada para um quarto ano, Westworld tem futuro traçado. A revolução está em andamento, é inevitável. A grande pergunta é se, no fim, a jornada terá valido a pena.

Nota (0-10): 6

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