Crítica Escape at Dannemora: drama prolongado

Richard Matt (Benicio Del Toro) e David Sweat (Paul Dano) são dois detentos da prisão Clinton Correctional Facility. Ambos envolvem-se sexualmente com a funcionária Tilly Mitchell (Patricia Arquette), que, em contrapartida, leva presentes para eles. Entre os itens entregues estão aqueles necessários para viabilizar a fuga dos presos.

Baseada nessa história real, que ocorreu em 2015, a série limitada Escape at Dannemora dramatiza o evento. Dividida em sete episódios, todos dirigidos por Ben Stiller, a atração criada por Brett Johnson e Michael Tolkin traz um olhar cuidadoso sobre o fato.

O maior trunfo da obra, sem sombra de dúvidas, é seu time de protagonistas. Arquette, que já tem na estante de casa um Oscar por Boyhood, está simplesmente fantástica na pele de Tilly. Ela consegue passar perfeitamente as nuances de uma pessoa cínica, alguém que sem muito esforço vai da perversão ao vitimismo. Seu sotaque carregado e seu semblante de fúria frente a Lyle Mitchell (Eric Lange) fazem valer a pena todos os segundos que está em tela. Pela personagem, aliás, merecidamente já ganhou muitos prêmios e foi indicada a outros tantos.

Del Toro, um dos amantes encarcerados, está igualmente magnífico. A frieza do psicopata que interpreta é muito boa, bem como o jogo de sedução e os poucos rompantes de loucura. Estes, quando ocorrem, colocam em xeque a sanidade mental de uma pessoa que tem talento para a pintura e para a violência.

Dano, mais jovem integrante do trio, surpreende como o elo mais dócil do jogo. O ator, que surgiu como grande promessa no filme Sangue Negro, parece nunca ter ido tão longe quanto o prometido. Tendo alçado um voo alto ou não, é indiscutível que tem talento.

Voltando-se para a direção, surpreende a polidez de Stiller, mais conhecido por encabeçar comédias pouco inspiradas. Todo o projeto é conduzido com segurança e apuro estético. Destaco uma cena específica: a abertura do quinto capítulo.

O projeto só não é perfeito porque prolonga uma história sem tantos atos. Fica a sensação de que poderíamos ter menos capítulos. Veja bem, não há problema algum em séries com ritmo lento. Pelo contrário, a calma ao construir a narrativa é extremamente benéfica. Todavia, neste caso, temos muitas cenas que repetem constatações já obtidas anteriormente – logo, desnecessárias.

Isso enfraquece a obra, pois torna-a um pouco cansativa. Não precisamos que todas as cenas avancem claramente a trama, mas também não podemos ter pouquíssimos pontos para serem explorados por hora de exibição.

Entretanto, como dito anteriormente, Arquette e seus companheiros fazem valer a pena. É uma série limitada ideal para um fim de semana chuvoso.

Nota (0-10): 8

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