Muito dinheiro. Donos de um dos maiores conglomerados de mídia e entretenimento. Uma família detentora do poder – e arruinada pela ganância de seus membros, que estão dispostos a passar por cima de qualquer um.
Succession, drama criado por Jesse Armstrong, reúne, sem sombra de dúvidas, a qualidade característica das produções da HBO. Temos um elenco competente a serviço de um texto tão ágil quanto as câmeras que seguem a todos. Todavia, fica a pergunta: precisamos de mais uma série de pessoas brancas, ricas e heterossexuais brigando sem necessidade alguma?
Não, definitivamente não precisamos. O primeiro grande defeito da produção é esse. Sinceramente, há tantos diálogos que forçam agressões fúteis que nos passa a sensação de estarmos diante de uma novela um pouco mais caprichada.
O segundo ponto que traz incômodo é a direção. A marca de Adam McKay, que dirige o piloto, permeia dos demais episódios do show. Ele tem, bem verdade, um estilo forte que costuma despertar amor ou ódio, com poucos meios-termos. Eu, particularmente, estou mais inclinado para o lado do ódio. Apesar de ver algumas sacadas interessantes, não sou grande fã de Vice e The Big Short. Os movimentos de zoom constantemente utilizados em Succession simplesmente distraem. São desnecessários na maioria das vezes. É um tipo de movimento que funciona muito bem em Veep, que tem uma pegada documental na captação, mas soa deslocado ao intrometer-se em quadros mais polidos.
O terceiro problema é aquele que considero o mais grave. É difícil de sentir empatia por qualquer um dos membros da família. Logo, não torcemos por ninguém. Logan Roy (Brian Cox), o pai que está mal de saúde, trata os próprios filhos como lixo. Em especial Kendall (Jeremy Strong), que assume a empresa quando o pai fica doente.
Kendall não funciona bem como herói ou tampouco como anti-herói. Ele está muito longe do talento de Walter White. Mais ainda do carisma de Aya Stark. A verdade é que Kendall é um personagem assustado e fraco – e sua fraqueza não nos desperta pena, mas raiva.
Ele só não é tão patético quanto Roman (Kieran Culkin), que nem ao menos tem culhão para enfrentar o pai na reunião, após trair este. Roman realmente é uma figura bem estúpida e irritante. Tão vergonhosa quanto Connor (Alan Ruck), que aparentemente nunca virou adulto, apesar da idade avançada.
Ao lado deles, Shiv (Sarah Snook) até consegue se destacar. Não que seja alguém legal, mas pelo menos tão é tão idiota quanto os irmãos, o marido Tom (Matthew Macfadyen) e o primo Greg (Nicholas Braun).
Com uma família dessas, realmente não se faz necessário inimigos externos. Eles conseguem acabar com o próprio empreendimento – e com a nossa paciência também, infelizmente.
Nota (0-10): 5