Uma série que chegou para atrair todos os holofotes para si. Pose, drama criado por Steven Canals, Brad Falchuk e Ryan Murphy, estreou com o intuito de revolucionar no quesito representatividade. Com o maior elenco de protagonistas trans da televisão, fez um primeiro ano impecável e garantiu sua renovação.
A segunda temporada, um pouco mais longa, com dez episódios, chega para dar continuidade às histórias de Blanca Rodriguez (Mj Rodriguez), Elektra Abundance (Dominique Jackson), Angel (Indya Moore), Lil Papi (Angel Bismark Curiel), Pray Tell (Billy Porter), Damon Richards (Ryan Jamaal Swain), Ricky (Dyllon Burnside), Lulu (Hailie Sahar) e Candy (Angelica Ross).
O primeiro ponto positivo para este novo ciclo é deixar no passado o núcleo de Stan Bowes (Evan Peters). Por mais que esse personagem, bem como sua família e trabalho, tivesse grande importância para a introdução do tema, sua tarefa foi cumprida e não há a necessidade de continuar na trama – até mesmo porque Angel vive um novo amor.
A união da modelo com Lil Papi ocorreu de forma harmoniosa e doce. Eles se compreendem, se respeitam, cuidam um do outro e essa talvez seja a história de amor mais bonita a que pudemos assistir nos últimos tempos.
A atração, por sinal, traçou subtramas bem claras para o grupo principal. Blanca junta suas economias para realizar o sonho de abrir um salão de beleza. O problema é encontrar Frederica Norman pelo caminho, uma deliciosa vilã interpretada por Patti LuPone.
Falando em vilãs, este realmente foi o ano de Elektra, nossa malvada favorita. Ao contrário de Porter, que dá um tom excessivamente teatral a Pray Tell, Jackson transborda naturalidade com sua personagem forte, dominadora e direta. Definitivamente, não havia profissão melhor para ela do que ser dominatrix. Ela consegue nos fazer rir até mesmo ao deixar um cliente morrer aos seus cuidados – situação prejudicada pelo roteiro.
É importante frisar que apesar da inegável importância da série, há quesitos que deixam muito a desejar na segunda temporada. O texto às vezes acaba sendo excessivamente melodramático, equiparado ao que vemos em novelas mexicanas. Sem contar que muitas situações são introduzidas e superadas sem tanto impacto.
A direção também não conduz bem os atores em vários momentos de tensão. Moore, por exemplo, ao chorar em determinada cena, parece muito artificial, assim como Porter em alguns dos tantos episódios em que se emociona.
A trilha musical piora ainda mais a situação. A repetitiva música triste de fundo é irritante e pouco criativa. Estraga até mesmo uma situação tão forte quanto o funeral de Candy, que transcorre sem nos passar todo o potencial dramático que tem.
É uma verdadeira lástima esse desleixo para com um produto tão bom. Encerro com a música que embalou o início dos anos 1990: Vogue, da Madonna.
Nota (0-10): 7