Era para ser um único roubo. O grande sucesso, tanto dentro quanto fora da tela, fez com que o assalto à Casa da Moeda da Espanha não fosse o último. Outro mirabolante plano já fora arquitetado há tempos. Bastava um motivo qualquer para ser posto em prática.
Se antes fabricaram muitas cédulas de dinheiro, desta vez o item de cobiça reluz muito mais. O grupo de protagonistas de La Casa de Papel, minissérie criada por Álex Pina que ganhou sobrevida na Netflix devido à enorme repercussão, decide invadir o Banco da Espanha com o objetivo de negociar o resgate de Rio (Miguel Herrán) e levar o ouro guardado no subsolo da instituição.
O início da trama demonstra o elevado investimento no projeto. Certamente há um esforço no primeiro capítulo da terceira parte, que não é apenas dinâmico, mas também traz um frescor que falta para os episódios seguintes.
Com a captura de um dos membros, a resposta do grupo de fugitivos da polícia é armar um esquema com moldes semelhantes àquele anteriormente visto. Para isso, recorrem a algo traçado por Berlim (Pedro Alonso) em companhia do Professor (Álvaro Morte) e de Palermo (Rodrigo De la Serna).
Em primeiro lugar, realmente não consigo entender o apelo de Berlim para com o público. O personagem estuprou uma refém, agiu de maneira extremamente desagradável enquanto estava vivo e, mesmo assim, tem fãs o suficiente para ser inserido na nova aventura de alguma forma.
Como se isso não bastasse, colocaram outro personagem de carrega traços parecidos. Palermo é uma espécie de substituto para o integrante morto. Ainda são inseridos Bogotá (Hovik Keuchkerian) e Marsella (Luka Peros), que têm importância diminuta no enredo.
A semelhança do que vemos na atual temporada com a anterior é tanta que até mesmo o saguão do novo prédio parece ser o mesmo cenário do antigo, apenas com outra pintura. Isso obviamente não é bom, apesar de não atrapalhar o principal trunfo da série, que é a quantidade enorme de reviravoltas criativas.
Leia a crítica de La Casa de Papel S2
A narrativa, infelizmente, carrega vícios antigos. São acrescentados momentos dramáticos que soam ridículos levando em conta o contexto. Como se não bastasse todos os tiros e as explosões, parece que a tensão é tão pouca que Rio e Tóquio (Úrsula Corberó) decidem brigar. Não só esse casal, mas outros também aproveitam o pior momento possível para trocar farpas – seja Estocolmo (Esther Acebo) e Denver (Jaime Lorente), bem como Professor e Lisboa (Itziar Ituño).
Claro que, apesar de tantos pontos criticáveis, é indiscutível o quanto a série é eficaz em entreter. Todavia, assim como os seus personagens principais, que não sabem bem seus papéis entre símbolos da resistência ou simplesmente criminosos, a atração carece de um refinamento.
Nota (0-10): 6