Vegas, baby! Após um começo difícil em Los Angeles, as Gorgeous Ladies of Wrestling mudam-se para o deserto, em Nevada. O que era pra ser uma estadia curta transforma-se em um contrato para o ano todo. Estamos em 1986 e, como não poderia deixar de ser, é hora de trazer muita cor e extravagância para a tela.
Glow, série criada por Liz Flahive e Carly Mensch, chega ao seu terceiro ano disposta a mudar a dinâmica em cena. Não apenas o cenário é outro, mas também as ambições individuais são melhor lapidadas à medida que a mesmice da encenação no ringue vai afetando o grupo.
Quem se dá melhor nesta fase de transição é, em princípio, Debbie Eagan (Betty Gilpin), personagem que se destaca. A trajetória dela pode até ser de altos e baixos, mas é de constante mudança – algo muito positivo, dramaturgicamente falando.
Debbie aguentou o machismo dos colegas produtores e do namorado e, ao surgir a oportunidade, não pensou duas vezes e tomou as rédeas do negócio. Está disposta a ditar as regras e certamente deve se dar bem, apesar da inexperiência em alguns quesitos.
Outra pessoa que também teve uma guinada em sua vida foi Sam Sylvia (Marc Maron). Ele engoliu o orgulho ao perceber que sua filha escreveu um roteiro melhor do que o seu e foi recompensado pela vida com a direção do longa-metragem baseado na história deles.
Evolução também tiveram Rhonda (Kate Nash) e Bash Howard (Chris Lowell). Após um peculiar casamento, a dupla teve uma lua de mel bem proveitosa. Obviamente não demoraria para a homossexualidade de Bash se impor ao arranjo. A cena em questão foi bem conduzida e o futuro do casal fica em aberto, pois há muito em jogo, afetivamente e financeiramente falando.
De todos os arcos bem construídos, entretanto, aquele que se sobrepôs foi o de Sheila (Gayle Rankin). A lutadora fez uma radical mudança no seu modo de viver, deu passos resolutos para seguir seus sonhos e Rankin atuou muito bem em todas as cenas em que esteve. Gostaria de vê-la, inclusive, como uma das indicadas a melhor atriz coadjuvante nas próximas premiações.
Em meio a tantos avanços, alguns grandes e outros mais tímidos, Ruth Wilder (Alison Brie) ficou para trás. A protagonista da trama realmente não teve um ano fácil. A estagnação tem o seu valo para a história, já que a vida não é composta apenas de sucessos. No entanto, ficamos um pouco frustrados quando percebemos que, após trinta capítulos, ela segue quase tão perdida quanto lá no início.
Sua situação, todavia, deve ter alguma reviravolta num futuro próximo. Pena termos sempre tão pouco tempo para um enredo com tantas personagens marcantes. Uma crítica constante que faço é aos poucos trinta minutos por episódio, sendo apenas dez capítulos por temporada. Estaríamos no paraíso se fossem acrescentados dois ou três episódios. Ou os atuais dez fossem mais longos. O que importa, em verdade, é poder aproveitar mais e mais essa história tão envolvente.
Nota (0-10): 9