Crítica Game of Thrones S8: uma bela porcaria

Um fim desapontador para a série que tinha tudo para ser eternizada como uma das melhores da televisão norte-americana. Essa simples frase melhor traduz o sentimento de frustração decorrente da exibição da oitava temporada de Game of Thrones, criação de David Benioff e D.B. Weiss para a HBO.

Após um começo onde a trama foi apresentada com cuidado, a produção de orçamento inicialmente bem mais modesto foi crescendo em fama e qualidade – ao menos foi assim até a quarta temporada, que parecia deixar muito claro que estávamos diante de um projeto que beirava a perfeição.

Então veio o quinto ano e as primeiras dúvidas com relação ao roteiro. Toda a trama em Dorne parecia mal executada, em alguns momentos verdadeiramente patética, muito distante daquela visão idealizada que tínhamos de um trabalho que sempre se preocupou mais com as nuances dos personagens do que com cenas de ação dispensáveis.

Com o afastamento de George R. R. Martin, responsável por trazer ao mundo As Crônicas de Gelo e Fogo, o material literário que deu origem à série, o futuro parecia cada vez mais inconstante. Ao superar os livros, a trama televisiva passou a demonstrar mais claramente que até mesmo a lógica seria deixada de lado em favor da execução de passos pré-determinados, como no caso do resgate de Daenerys (Emilia Clarke) no qual um dos dragões foi capturado pelo Rei da Noite (Vladimir Furdik).

Então chegou a derradeira temporada, com enxutos seis episódios, e a qualidade, que outrora apenas oscilava, desabou de vez. É impressionante o tamanho do desleixo existente por parte dos criadores. A cena que melhor traduz essa leva final é Drogon cuspindo fogo de cabo a rabo em Porto Real – uma alegoria para o roteiro que incendiou a produção por completo, reduzindo a cinzas um legado construído com muito cuidado.

Vale frisar que nem todas as reviravoltas foram ruins. Entretanto, ao apressar a evolução, situações não foram maturadas o suficiente e o andar dos fatos ocorreu aos trancos e barrancos. Seriam necessários, no mínimo, o dobro de episódios tão ou mais extensos para tornar críveis as diversas viradas.

Ao atropelar a narrativa, personagens foram deixados de lado e momentos emblemáticos perderam efeito. O breve relacionamento de Jaime (Nikolaj Coster-Waldau) e Brienne (Gwendoline Christie), por exemplo, serviu apenas para agradar aos fãs desta. Só a posterior ida do Lannister até a capital consegue ser pior que a breve união.

Leia a crítica de Game of Thrones S7E7

E o que falar da batalha de The Long Night? Nem me importo com a falta de luz, tampouco com a forma como orquestraram a morte do Rei da Noite, mas com a falta de clareza de algumas cenas, como quando os dragões estavam brigando no alto e era difícil de entender exatamente o que acontecia. Pior que isso, estávamos diante daquele que deveria ser o grande vilão da série – e ele deu as caras em apenas um capítulo deste ano e despediu-se faltando três episódios para o fim.

A conquista do Trono de Ferro, que deveria coroar toda essa história de duelos sangrentos, ocorreu de maneira precoce e foi seguida por uma sucessão de imagens em sua maioria anticlímax.

A vontade que é de gritar dracarys e queimar de nossas memórias um desfecho tão aquém do que merecíamos.

Nota (0-10): 5

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