Grace (Jane Fonda) e Frankie (Lily Tomlin) são duas mulheres fortes. Também são muito engraçadas e determinadas. Por vezes atrapalhadas, mas prontas para corrigir seus erros. Não que consigam sempre. Todavia, esforçam-se.
As protagonistas de Grace and Frankie, comédia da Netflix que chega à quinta temporada, não estão dispostas a fazer parte do ontem. Elas são o hoje e tentam demonstrar isso nas cenas da série criada por Marta Kauffman e Howard J. Morris.
O esforço das duas atrizes e suas perspectivas personagens, que outrora já provaram ser um respiro de leveza e conscientização, não é acompanhado, infelizmente, por demais componentes da fórmula que faz nascer uma atração.
O imenso carisma de Fonda e Tomlin não é o suficiente para maquiar certo esgotamento criativo da produção, que parece navegar pela mais recente leva de treze episódios sem destino correto ou rota coerente. Tramas são jogadas de maneira muito dispersa, abandonadas e retomadas sem preciosismo algum.
A venda de vibradores para mulheres de terceira idade, ideia genial que renderia tanto conteúdo, passa mais um ano sendo negligenciada pelo roteiro. Até está presente, mas mais como um alívio cômico bobo decorrente do uso de maconha.
Ao invés de extrair momentos memoráveis do empreendedorismo, é preferível empilhar dores que não condizem com as figuras sadias das protagonistas. Se compararmos com a abordagem da terceira idade dada à personagem interpretada por Rita Moreno – que tem aparência muito mais frágil – em One Day at a Time, fica ainda mais visível a tentativa de riso fácil.
Quem mais sofre com o andamento da série, entretanto, é o elenco de coadjuvantes. Está cada vez mais difícil não se irritar com a constante necessidade de criar draminhas bobos para fazer com que o casal Sol (Sam Waterston) e Robert (Martin Sheen) brigue. Simplesmente não é engraçado.
É preciso dizer que ao menos suas presenças são constantes. Mallory (Brooklyn Decker), por exemplo, fica sumida boa parte do tempo e, ao retornar, sua situação evoluiu sem sabermos – bem como Coyote (Ethan Embry), que consegue ser mais desprezado pelos roteiristas que o chato do Nwabudike (Baron Vaughn).
Leia a crítica de Grace and Frankie S4
Nem mesmo as participações especiais trazem novos ares para a produção. RuPaul, que atua no início da quinta temporada, parece uma caricatura cansada de si mesmo. Não é nada diferente daquilo que já vimos tantas vezes.
Sem passagens emblemáticas ou ao menos qualidade constante em seus capítulos, Grace and Frankie mostra-se cada vez mais irrelevante.
Nota (0-10): 5