Crítica The Good Place S3: evolução constante

Eleanor Shellstrop (Kristen Bell) não era exatamente a pessoa mais amável do mundo. Logo, ficou surpresa ao morrer e ir para o paraíso. Provavelmente havia algum erro na pontuação. Todavia, não era ela quem iria contestar o resultado e pedir para ser despachada para o inferno.

Tahani Al-Jamil (Jameela Jamil) e Jason Mendoza (Manny Jacinto) passaram por situação parecida, bem como Chidi Anagonye (William Jackson Harper), único deles a aparentemente ser realmente bom.

O grupo protagoniza The Good Place, comédia criada por Michael Schur, e acaba descobrindo ser parte de um experimento do demônio Michael (Ted Danson). Este, por sua vez, ao testar novas formas de torturar pessoas, fica surpreso com o resultado: uns ajudam aos outros e repetidamente tornam-se melhores.

Na terceira temporada da série, o algoz e suas vítimas já são amigos – e juntos pretendem chegar ao verdadeiro paraíso, tarefa um pouquinho mais complicada do que parece. O caminho para isso é cheio de obstáculos, todos eles divertidos e instigantes para os fãs.

Para quem está acostumado a acompanhar comédias que parecem dar voltas e mais voltas sem nunca realmente sair do lugar, The Good Place é um respiro de criatividade. Estamos diante de um material que não procura o riso diluído em momentos dispensáveis. A narrativa avança em evolução constante e, felizmente, nunca sabemos o que há atrás da próxima porta a ser aberta.

Além do seu brilhante texto, a produção ainda conta com um elenco cativante. Bell consegue transmitir o misto de doçura e ações temperamentais que marca sua personagem. Jamil é encantadora com seu sotaque britânico e jeitinho esnobe de ser fofa. Jacinto, coitado, parece realmente nunca fazer muita ideia do que está acontecendo ao seu redor. Harper, munido de óculos, é o perfeito nerd indeciso. Danson tem um ar maquiavélico por trás de sua figura paternal. E D’Arcy Carden, a nossa impagável Janet – como não havia mencionado ela ainda? –, dá vida a essa enciclopédia sem sangue, mas muito coração.

Leia a crítica de The Good Place S2

O grupo é tão bem-vindo ao universo ficcional por diferentes motivos. Ter uma mulher forte como protagonista é um deles. Eleonor facilmente toma as rédeas da situação e consegue seguir em frente enquanto as outras pessoas surtam ao lado.

Outro motivo é o Chidi. Ter um negro ocupando o espaço que normalmente é destinado a homens brancos é maravilhoso. É necessário ter produções que apresentem a diversidade e o racismo como foco. No entanto, também precisamos de protagonistas negros em histórias que estão mais dissociadas dessas questões em sua premissa. É um tremendo avanço quando o mocinho, par romântico da protagonista branca, é um homem negro inteligente e sensível.

Esses e outros motivos dão os pontos necessários para a série ir para o paraíso após o seu término – que, se depender de mim, demorará mais alguns anos para ocorrer.

Nota (0-10): 9

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