Crítica Good Girls S1: um trio para ser assistido

Beth Boland (Christina Hendricks) é uma pacata dona de casa que cuida de quatro filhos enquanto o marido, que é vendedor de carros e está em apuros financeiros, a trai com uma mulher mais nova. Ruby Hill (Retta), a melhor amiga de Beth, é uma garçonete que é demitida enquanto precisa descobrir como pagar pelo tratamento da doença renal da sua filha. Annie Marks (MaeWhitman), a irmã mais nova de Beth, é uma caixa de supermercado e mãe solteira que luta pela custódia da filha.

A necessidade de dinheiro o mais rápido possível une o trio em um plano um tanto ousado: assaltar o estabelecimento comercial onde Annie trabalha. A ação é o ponto de partida para muita confusão, já que nem tudo sai como esperado, e trilha o caminho a ser percorrido pelo roteiro de Good Girls, série criada por Jenna Bans.

Com dez episódios em sua primeira temporada, a atração consegue nos fisgar com protagonistas que geram empatia do público, além de ter uma distribuição dosada de humor e drama. Não que todas as cenas sejam eficazes. Pelo contrário, muitas vezes a produção da NBC demonstra ser uma dessas típicas da TV aberta que não têm o devido polimento final. Todavia, mesmo com um texto demonstrando fraquezas, é agradável de acompanhar.

O mérito para isso está, em primeiro lugar, pela bandeira feminista que carrega. O show esforça-se para mostrar que os tempos são outros. Em uma época inundada pelos discursos machistas de Trump e Bolsonaro, cabe à arte ser uma das vozes em oposição ao retrocesso.

As atrizes principais também somam pontos positivos. Hendricks, que foi indicada seis vezes ao Emmy por sua magnífica Joan Harris de Mad Men, tem na pele de Beth o papel perfeito para ela – o que, claro, pode soar um pouco ruim se pensarmos que há a impressão de estar em sua zona de conforto.

Retta, que integrou o elenco de Parks and Recreation, mostra-se madura para se sobressair tanto nos momentos dramáticos quanto nos cômicos. A passagem mais engraçada do primeiro ano certamente é a sua trapalhada ao atravessar a fronteira para o Canadá.

Whitman, apesar de mais jovem, tem um extenso currículo e revela-se tão boa quanto as colegas. Cabe a ela atuar naquele que talvez seja o momento mais delicado da atração: uma tentativa de estupro. A atriz sai-se bem nessa e em outras ocasiões difíceis para sua personagem, que tem características bem interessantes, como a naturalidade e o afeto com que lida com a filha.

Por outro lado, como já mencionado, o roteiro nem sempre é tão bom. Toda série, ao construir sua premissa e pensar na linha de chegada, costura seu trajeto da maneira mais crível possível. Algumas produções, como Good Girls, não são tão boas ao tentar justificar alguns caminhos tomados, tornando aquilo que deveria parecer uma evolução natural em algo a serviço do propósito maior – não importa como se chegue até ali. Algo grave em séries com grandes pretensões, mas menos relevante naquelas mais despretensiosas.

Nota (0-10): 7

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