Crítica American Horror Story S8: nostalgia

No ano de sua estreia, American Horror Story, uma criação de Brad Falchuk e Ryan Murphy, deu o que falar. A mistura caprichada de terror e drama encantou e jogou luz para um formato televisivo que logo foi repetido por outras atrações: a antologia.

Uma nova temporada, uma nova história. Se Murder House nos apresentou ao programa, Asylum conseguiu estabelecê-lo como um dos mais importantes da cultura pop de hoje. Coven viveu a era de glória, bem como Freak Show, sendo que o declínio iniciou com Hotel – coincidentemente com o afastamento de Jessica Lange, que até então era a musa do programa.

No fim da terceira temporada, a das bruxas, Lange passou a coroa para Sarah Paulson, que, após a despedida daquela, conseguiu brilhar ainda mais intensamente na atração. Estrela maior de um projeto mostrando desgaste, ela novamente exibe seu poder e sua versatilidade em Apocalypse, oitava temporada que veio com a missão de resgatar os velhos tempos de prestígio.

O fator nostalgia já nos deixa mais receptivos ao enredo, que mistura fundamentalmente elementos do primeiro e do terceiro ano em uma narrativa do fim do mundo. Como de costume, outros rostos conhecidos também integram o elenco, sempre muito competente.

Enquanto alguns reprisam papéis, há quem ganhe novos personagens e até mesmo aqueles que interpretam vários ao mesmo tempo, como Evan Peters, o único, além de Paulson, a estar presente em todas as temporadas. O recurso, vale enfatizar, pode até soar interessante por mostrar o talento de quem ganha muitos nomes, mas, no fim das contas, serve no máximo para nos confundir um pouco.

Neste jogo de muitas peças, quem se sai bem é o novato Cody Fern. O ator, que caiu nas graças de Murphy em The Assassination of Gianni Versace: American Crime Story, aqui tem o papel principal deste reino do caos: nada menos que o filho do Diabo.

Com isso, Fern passa automaticamente a integrar, caso volte a aparecer, o time de renovação da atração, que conta ainda com a expressiva Adina Porter, uma espécie de herdeira de Angela Bassett, e Billie Lourd, a filha de Carrie Fisher que, neste ano, emergiu como forte candidata ao posto de nova Suprema.

 

Leia a crítica de American Horror Story S7

 

O grupo, que ainda tem a participação de nomes potentes como Frances Conroy e Kathy Bates, entrega o que lhe é pedido – o problema, todavia, é que o que lhe pedem já não tem mais o mesmo frescor e apelo de outrora.

Nem mesmo a estrutura interessante do roteiro, que nos joga no mundo pós-apocalíptico sem muita explicação e volta no tempo para nos fazer entender como chegamos até ali, é capaz de impulsionar o material. As muitas reviravoltas, que deveriam nos prender e deixar curiosos, já não surtem tanto efeito. Algumas são até mesmo um tanto vergonhosas, como a história do robô.

A resposta para consertar isso talvez não seja a melhor possível. Mesmo assim, arrisco dizer que o mais sensato seria encerrar a atração em sua décima temporada, que já está garantida. Tudo tem seu prazo de validade – e esse cansaço ao assistir ao show é indicativo de que American Horror Story já deu a sua contribuição para a televisão.

 

Nota (0-10): 6

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