Crítica The Sinner S2: rituais e mortes

Após se tornar uma das produções televisivas com melhor recepção do público no ano passado, The Sinner, minissérie prevista para ter temporada única, foi renovada para um segundo ano.

Nesta nova safra de episódios, a produção de Derek Simonds deixou de lado o caso de Cora Tannetti (Jessica Biel), que eventualmente é mencionada, e levou o detetive Harry Ambrose (Bill Pullman) até a sua terra natal para investigar um diferente crime.

A atração inicia sua narrativa de forma muito similar à anterior – uma pessoa mata a sangue frio e cenas do passado entrelaçam-se com o presente para avançar na busca por uma explicação sobre o que ocorreu.

O protagonismo desta vez fica com Julian Walker (Elisha Henig), adolescente que matou o casal com quem viajava, e Vera Walker (Carrie Coon), mãe que vive em uma comunidade alternativa com rituais próprios que logo se mostram bem questionáveis.

A escolha do elenco certamente é o grande trunfo da produção. Coon, que esteve muito bem na terceira temporada de Fargo e brilhou em The Leftovers, sem nunca ter o devido reconhecimento da crítica por esta, é uma das melhores atrizes atualmente em evidência na televisão. Sua força dramática nos carrega consigo em uma entrega que poucos alcançam. Henig, por sua vez, não deixa a desejar no papel de filho dela. Ele é devidamente conduzido por uma direção precisa.

Tecnicamente, a atração mostra um amadurecimento entre um ano e outro. A fotografia é caprichada, o tom soturno permeia corretamente as cenas mais tensas. Há toda uma atmosfera criada a serviço de um roteiro que avança de forma segura, sem sobressaltos.

Todavia, isso não livra o material de críticas. A presença de Ambrose já não se mostra tão interessante quanto no primeiro ano, quando fora abordado, entre outras questões, o seu sadomasoquismo.

Além disso, toda a nova trama em si, mesmo que conduzida com cuidado, não é exatamente inovadora. Soa um pouco como mais do mesmo, só que embalada em um papel de presente mais caprichado.

 

Leia a crítica de The Sinner S1

 

A abordagem da culpa e do pecado era muito mais latente, sufocante e curiosa no primeiro ano. Agora, parece diluída em uma realidade onde não há uma mãe extremamente conservadora de um lado e uma irmã enferma desesperadamente querendo viver do outro.

Mesmo assim, é uma atração que vale ser assistida. Um texto bem construído, mesmo com suas limitações, ainda é melhor que histórias que atropelam a tudo em velocidade máxima com o intuito de prender o público. Uma boa narrativa é aquela que lança bases firmes para o passo seguinte – e The Sinner faz isso muito bem.

 

Nota (0-10): 8

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