Crítica The Man in the High Castle S3: o horror do fascismo

Já imaginou como seria o mundo se a Alemanha e o Japão tivessem vencido a II Guerra Mundial? Situada nos anos 1960, a série The Man in the High Castle, criada por Frank Spotnitz com base no livro homônimo de Philip K. Dick, apresenta uma realidade alternativa onde o fascismo espalha medo entre a população.

Os Estados Unidos, após a derrota, foram divididos em três fatias: o lado leste virou alemão, o oeste passou a ser de domínio japonês e uma faixa central transformou-se na zona neutra. As duas potências dividiram não apenas aquela terra, mas também quase todas as outras do planeta. A sede por poder, todavia, faz com que entrem em conflito uma com a outra em busca de hegemonia.

Como se isso já não trouxesse tensão o suficiente, ainda temos um fator que gera mais curiosidade. Diferentes pessoas conseguem realizar viagens para realidades paralelas e carregam consigo gravações que provam a existência de sociedades livres. O fato é utilizado por diferentes lados. Enquanto os nazistas passam a construir um portal com o intuito de enviar tropas para conquistar realidades alternativas, a resistência objetiva fortalecer sua luta contra os regimes.

Entre as pessoas que resistem está Juliana Crain (Alexa Davalos), que pode ser vista em diversas películas sem que entendamos muito bem como. Por mais que dê algumas respostas em sua terceira temporada, que tem 10 episódios, The Man in the High Castle cria outras tantas perguntas.

Para manter o seu público preso à trama, a atração avança diferentes arcos de maneira mais competente que nos anos anteriores – transformando-se, hoje, em uma das mais interessantes produções televisivas em exibição.

Não apenas há um comprometimento do seu elenco, que está muito afiado, como também um grande esmero da equipe técnica, que utiliza efeitos especiais muito mais próximos de Game of Thrones do que das ficções feitas aos tropeços nas TVs abertas norte-americanas. A fotografia e a direção de arte nos fazem imergir em um clima sombrio, com sua palheta de cores opacas quebrada apenas por um vermelho que faz brotar toda a violência sanguinária que há. Além disso, o figurino igualmente chama muita atenção, com trajes que variam do luxo nova-iorquino para o recato nipônico e a dureza de quem vive na parte central.

 

Leia a crítica de The Man in the High Castle S2

 

Se outrora já tivemos encaminhamentos que pareciam avançar pontos muito facilmente, neste ano o texto prova ter amadurecido e estar quase irrepreensível. Há uma abordagem necessária sobre os problemas enfrentados por judeus, LGBTs e demais grupos hostilizados. “É isso que todos nós temos pela frente. Um futuro cheio de incontáveis mundos conquistados e destruídos por fascistas”, fala Juliana, durante uma excelente discussão.

Tal trecho ecoa forte não apenas por ser a resposta perfeita para a perversidade de John Smith (Rufus Sewell) e Heinrich Himmler (Kenneth Tigar), mas também por ter ligação com o que vivemos hoje no Brasil e no mundo.

Da mesma forma que The Handmaid’s Tale, The Man in the High Castle é um lembrete de que o horror fascista está ao lado. Mesmo que possamos parecer minoria, é preciso resistir bravamente, pois reside em nós uma força que transcende. Nós não estamos limitados pelo medo – e se for preciso, iremos a outros mundos para dar esperança aos demais.

 

Nota (0-10): 9

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