Matt Groening é um dos nomes mais famosos da televisão norte-americana. Ele criou duas animações bem relevantes para a cultura pop: Os Simpsons, que recentemente tornou-se a série ocidental com o maior número de episódios, e Futurama, que não teve tão estrondoso sucesso, mas conquistou um bom número de fãs e chegou a ter sobrevida.
Com esse currículo, o anúncio de uma nova série desenvolvida por Groening logo despertou a curiosidade da mídia e do público. A sua mais recente produção, intitulada Disenchantment, estreou na Neftlix com boa repercussão – provavelmente muito maior do que a atração mereça.
Não que a obra seja ruim. Ela é agradável e faz acenos para a nova realidade que vivemos. Todavia, você acaba de assistir aos dez episódios da primeira temporada e fica em dúvida se realmente valeu a pena acompanhar a trama.
No enredo, a princesa Bean é uma jovem alcoólatra que dá dor de cabeça para o pai, o rei Zøg. Prometida em casamento em troca de alianças políticas, ela nega-se a concretizar a união e, ao invés disso, vive aventuras um tanto bizarras ao lado do meio-elfo Elfo e do demônio Luci.
O trio funciona bem com suas particularidades. Termos uma mulher rompendo padrões é positivo, bem como vermos críticas periféricas – como o fato dos aldeões viverem em condições miseráveis e entenderem isso como algo completamente natural e fora de questionamento.
Há vários elementos que chamam atenção, de personagens a situações. No entanto, ao analisarmos o material como um todo, simplesmente ele não consegue entusiasmar. Desperta risadas pontuais, verdade seja dita, mas não passa disso.
O seu humor é, na maioria das cenas, pouco elaborado. Gasta-se muito tempo, por exemplo, na construção de piadas a partir do consumo de drogas. Quando desenvolvido de maneira correta, tudo bem. Entretanto, aqui parece mais do mesmo. É um lugar-comum que pode ser cansativo, já que serve de muleta humorística para várias produções – recentemente, um caso desastroso é Disjointed.
Disenchantment sai-se melhor do que a comédia sobre o cultivo e a venda de maconha, mas em nenhum momento faz com que queiramos realmente assistir ao próximo capítulo o quanto antes. Na primeira metade da temporada fica a torcida para que a história engrene. Na segunda, que é rápida, continuamos vendo porque logo vai acabar.
Adulta demais para crianças. Muito boba para adultos. No fim das contas, a série talvez não tenha um público tão bem definido. Ou melhor: até tenha, mas definitivamente eu não faça parte dele.
Nota (0-10): 5