Dylan (Johnny Flynn) descobre que tem clamídia. A constatação da doença dá início à trama de Lovesick, comédia dramática criada e escrita por Tom Edge. Além de tomar dois remédios, o protagonista precisa fazer uma lista e entrar em contato com as parceiras sexuais que teve.
Entre elas está Evie (Antonia Thomas), uma de suas melhores amigas por quem acabou se apaixonando. A DST logo torna-se um tema que serve apenas de pano de fundo para algo muito maior, o sentimento dele, que é recíproco.
Por mais que se amem e seja cada vez mais difícil de negar, apenas na terceira temporada, que estreou no início de 2018 e conta com oito episódios, eles finalmente ficam juntos. O caminho percorrido até então, apesar de muitas vezes angustiante, releva com leveza o quão complicada é a construção de relações de afeto.
Evie e Dylan se conhecem há sete anos, dormiram juntos em duas ocasiões antes de namorarem e sabem que precisam um do outro. Mesmo assim, tentam seguir suas vidas com outras pessoas, dizem a si mesmos que vão esquecer – mas não esquecem.
Para quem já passou por situações semelhantes é compreensível essa fuga da verdade. Ao mesmo tempo, sabe que, na teoria, soa incompreensível. A resolução do problema parece tão simples, como dois mais dois ser quatro. Todavia, a beleza e a dor de ser humano reside em singelas complicações.
O choro de Evie, na cena final da temporada, mostra bem a carga de conflitos que carregamos e a força do roteiro da série. A tristeza por seu relacionamento não ter dado certo com Adal (Jaz Deol), há dez anos, mistura-se com a felicidade por estar com Dylan. O fato de que essa antiga interrupção do amor ainda lhe cause dor é bonita e sincera, assim como o fato de um sentimento coabitar seu coração com outro.
Esse quadro de tropeços que damos ao amar é completado com as presenças de Angus (Joshua McGuire), Luke (Daniel Ings) e Jonesy (Yasmine Akram). Angus era casado e tinha uma vida aparentemente perfeita. No entanto, estava miserável e ficou muito feliz ao separar-se após transar com a desconhecida Holly (Klariza Clayton). Esta, que engravidou, não quis ficar com ele, pois descobriu que não o amava durante o convívio cotidiano.
Já Luke e Jonesy são muito parecidos. Eles fogem de compromissos sérios e acabam apaixonando-se um pelo o outro. Luke, que tinha relações casuais após ser machucado no passado, não sabe lidar com essa nova mudança de comportamento – nenhum deles sabe.
Para encarar essa montanha-russa de sentimentos, há um elenco que se sai muito bem. Enquanto Flynn e Thomas têm uma postura mais apaixonante, McGuire, Ings e Akram são perfeitos como alívio cômico. O texto carrega um humor tipicamente britânico, que, mesmo que mais contido, é extremamente eficaz. Há um bom balanço entre risos e lágrimas na produção, que certamente merece mais reconhecimento.
Nota (0-10): 9