Crítica Samantha! S1: amor pelos anos 1980

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Após lançar a trama futurista de 3%, que conquistou grande público, e o drama O Mecanismo, que dividiu opiniões ao abordar o lamaceiro da corrupção, a Netflix volta-se para a comédia em sua terceira série brasileira.

Samantha!, uma criação de Felipe Braga, traz Emanuelle Araújo como a personagem-título, uma atriz, cantora e apresentadora que fez muito sucesso nos anos 1980, quando era criança, e hoje luta contra o ostracismo. Com a volta do seu marido Dodói (Douglas Silva), um ex-jogador de futebol famoso que ficou doze anos na prisão, ela enxerga uma oportunidade de reaparecer na mídia – afinal de contas, casal dá audiência.

Os dois, que são pais de Cindy (Sabrina Nonata) e Brandon (Cauã Gonçalves), precisam lidar com a necessidade de mostrarem-se relevantes, cuidar da família e resolver os problemas que têm um com o outro.

Araújo está muito bem ao encarnar uma protagonista que, apesar da casca de desumanidade de quem cresceu em uma realidade nada saudável, tem um coração afetuoso – o que não a impede de ser louca na medida certa. Com seus gestos expansivos e olhar que às vezes flerta com a psicopatia, a atriz é o ponto forte da produção.

Silva, seu par romântico, igualmente convence na pele de um Dodói que vai cativando à medida que passam os capítulos – apenas sete no primeiro ano, algo que pode ser consumido em uma única tarde.

O roteiro, escrito por um quarteto, é uma montanha-russa. Por um lado, mostra-se acertado ao capturar a essência trash do passado. Como não rir com uma apresentadora mirim vendendo cerveja ao lado de um personagem que é uma caixa de cigarro gigante? Havia – e ainda há – tanta coisa bizarra na TV, não apenas no que era exibido, mas também nos bastidores.

Por outro lado, o enredo desperdiça boas situações com piadas fracas. Gretchen, por exemplo, é uma máquina de memes. Por que não utilizar sua participação especial para construir um texto mais divertido do que a impossibilidade dela e Samantha encontrarem-se em Paris?

Há ótimas críticas, como aquela direciona aos influenciados digitais. Esse é, todavia, um momento no qual surge um tímido sorriso no canto da boca pela mensagem que é passada – e não uma gargalhada pelo que vemos desenrolar em cena.

Uma direção mais competente talvez ajustasse parcela dos problemas. Podemos perceber que algumas tiradas cômicas não têm o timing certo. Além disso, as crianças não são conduzidas para passar a devida naturalidade. Nada que impeça, entretanto, que a gente relaxe e divirta-se com o material.

 

Obs: Daniel Furlan, que dá show no Choque de Cultura, precisa aparecer mais na próxima temporada.

Obs2: se assistir aos episódios ao contrário, temos uma mensagem diabólica para nunca cancelar a assinatura da Netflix?

 

Nota (0-10): 6

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