Crítica The Alienist S1: uma história qualquer

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Baseada no livro homônimo de Caleb Carr, a série The Alienist acompanha a saga do psicólogo Laszlo Kreizler (Daniel Brühl), do ilustrador John Moore (Luke Evans) e da secretária Sara Howard (Dakota Fanning), que juntos precisam descobrir a identidade de um serial killer.

Para ajudar o grupo, ainda temos as presenças de Cyrus Montrose (Robert Wisdom), Mary Palmer (Q’orianka Kilcher), Stevie Taggert (Matt Lintz), Marcus Isaacson (Douglas Smith), Lucius Isaacson (Matthew Shear) e Theodore Roosevelt (Brian Geraghty) – sim, aquele que viria a ser um dos presidentes dos Estados Unidos, na vida real, é um personagem regular na atração.

A história se passa no fim do século 19, ou seja, mais de cem anos atrás. A reconstituição de época é feita de maneira caprichada, com uma direção de arte que acerta em uma palheta de cores soturnas e transições coerentes entre o luxo e o lodo, figurinos belos e fotografia que capta a essência da obra.

É perceptível o cuidado estético da produção, que já agrada com a vinheta de abertura bem arquitetada. Entretanto, tratando-se do roteiro, não podemos dizer apenas elogios, já que se trata do ponto que mais oscila em qualidade.

É uma pena que um ator tão bom quanto Brühl não seja melhor explorado. As mudanças de humor do personagem poderiam tornar o clima ainda mais complexo, misterioso, sedutor e arrepiante. Todavia, um desenvolvimento precário e sem camadas do temperamento faz com que o público apenas veja Laszlo como alguém arredio que não merece ter amigos.

Já Evans, que transpira carisma, algo recentemente visto em Beauty and the Beast, torna-se na maior parte do tempo tão opaco quanto as ruas nova-iorquinas. Seu John não tem nada de especial e deixa para Fanning a missão de nos cativar.

Ela vive a secretária do comissário Roosevelt e é, na série, a primeira mulher a trabalhar na polícia. Obviamente isso resulta em inúmeras cenas machistas protagonizadas pelos colegas. Sara e Mary são as únicas mulheres da produção com destaque entre os muitos homens, sendo que a última é muda e não ganha o espaço que merece. Kilcher faz um bom trabalho com o pouco que lhe dão e conseguimos nos afeiçoar a ela.

Outro caso que suscita um pequeno debate sobre representatividade é Cyrus, único protagonista negro e, assim como Mary, relegado à posição de inferioridade na teia narrativa. Aliás, seu papel, assim como o trio principal, lembra muito a estrutura de Penny Dreadful.

Voltando-se mais para o desenrolar da história, há um esforço para manter o público entretido. Para isso, é usado o recurso de enganá-lo, o que não é feito da maneira mais sábia possível. Em determinado momento, a série parece dizer claramente que estamos diante do criminoso, mas depois avisa que não passa de um truque barato. Nem toda produção tem a audácia de Collateral, mas também é preciso ser mais coerente na construção de pistas falsas. No fim, acaba-se fazendo o que quase todas fazem: revelar a identidade apenas nos minutos derradeiros.

Esse aspecto de certa forma diz muito sobre a produção como um todo. É algo bem feito, um bom passatempo até. No entanto, nada que já não tenhamos visto várias vezes.

 

Nota (0-10): 6

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