Crítica The Terror S1: inverno sem fim

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Assim como muitas outras emissoras, a AMC resolveu investir no formato de antologia. Para isso, chamou um time de peso. Nomes como o de Ridley Scott estão por trás da produção de The Terror, que em sua primeira temporada conta a história baseada no livro homônimo de Dan Simmons.

No enredo, as tripulações a bordo dos navios HMS Erebus e HMS Terror, da Marinha Real Inglesa, aventuram-se em territórios inexplorados em busca da Passagem do Noroeste. Presos no gelo e isolados da sociedade, os viajantes precisam sobrevir a condições extremas e a um monstro que faz vítimas com frequência.

Gravada dentro de estúdio com uso de computação gráfica para simular o visual inóspito do Ártico, a atração emula com maestria o ambiente desolador onde encontra-se o grupo de exploradores.

O apuro técnico é um deleite para os espectadores, que imergem na longínqua década de 1840. A fotografia caprichada nos permite sentir a desolação e o medo crescente, que são traduzidos em imagens por vezes envoltas por uma névoa sufocante e, em outros momentos, compostas de um horizonte estéril e sem fim – assim como a noite invernal, que favorece a deterioração de ânimos.

A direção de arte contribui para a perfeita reconstituição de época, que tem qualidade igualada ao conjunto de protagonistas. Jared Harris, recentemente visto em The Crown, vive o capitão Francis Crozier; Tobias Menzies, que aparentemente pretende aparecer no máximo possível de séries, dá vida ao comandante James Fitzjames; a cantora, compositora e atriz Nive Nielsen encarna Lady Silence; Ciarán Hinds é o capitão John Franklin; e Adam Nagaitis é Cornelius Hickey – este último a grande surpresa da temporada, com importância cada vez maior na trama.

Todavia, apesar de seus fatores positivos, a atração falha ao estender a história para dez episódios. Por mais que tenha um encerramento perfeito, além de uma reta final empolgante, demora muito para conseguir sair do marasmo.

Há muitos diálogos maçantes e pouco investimento, ao menos na primeira metade, em um clima mais perturbador. É compreensível que parcela do público se desprenda da história e a abandone, por mais que se saiba que os remanescentes serão devidamente recompensados pela paciência.

Quando finalmente a situação torna-se insustentável para os sobreviventes, estamos diante de uma ótima mistura de drama, suspense e terror. Uma trama mais enxuta certamente resultaria em uma das melhores estreias do ano.

 

Nota (0-10): 8

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