Crítica Lost in Space S1: bons efeitos especiais e péssima vilã

No contexto da corrida espacial, em plena Guerra Fria, estreou a primeira versão de Lost in Space, série de ficção científica que acompanha as aventuras da família Robinson a bordo da nave Júpiter 2. A atração do canal norte-americano CBS teve três temporadas e foi cortada devido ao alto custo de produção. Muitos anos depois, nos anos 1990, foi lançado um filme e agora, mais de cinquenta anos após a execução do piloto, a produção homônima da Netflix.

Com criação de Irwin Allen, Matt Sazama e Burk Sharpless, o mais recente trabalho faz algumas mudanças que adéquam o texto a uma realidade diferente. O elenco principal está mais plural e o desenrolar dos atos ganha outro contorno.

A primeira temporada, que tem dez episódios, consegue entreter, principalmente em sua reta final. Os efeitos especiais estão caprichados e demonstram uma generosa verba destinada à obra – que, levando tudo em conta, tem um resultado aquém do investimento feito. Não é uma tragédia como Altered Carbon, que definitivamente pode juntar-se à série Marco Polo como um equívoco, mas não supre as expectativas.

A trama busca uma fatia mais ampla de público e provavelmente funcione melhor com crianças e adolescentes. Há uma busca constante para construir no mínimo um grande obstáculo por capítulo, algo que manterá os personagens ocupados. Para quem tem grande apreço por roteiros sólidos, logo isso soa repetitivo, até porque a estrutura da imersão no suspense é similar em todos os casos, assim como o resultado.

Em contrapartida, a família Robinson é muito carismática. Molly Parker, que brilhou em House of Cards, encarna a mãe Maureen, mulher forte e destemida. Só não é tão cativante quanto Taylor Russell, que vive Judy, e o pequeno Maxwell Jenkins, que faz Will de maneira expressiva – e lembra um pouco Jake Lloyd, que fez Anakin Skywalker no filme Star Wars Episódio I: A Ameaça Fantasma. Apesar de jovem, Will tem grande importância para a missão e para a família, que também conta com Penny (Mina Sundwall) e John (Toby Stephens).

Para completar o elenco principal, temos Don West (Ignacio Serricchio), um oportunista de coração mole, e Dr. Smith (Parker Posey), a vilã da atração. Por mais que Posey seja talentosa, não é o suficiente para tornar o enredo atrelado à personagem menos irritante. O antagonista que finge ser amigo é uma das construções mais fáceis de causar incômodo. O caso piora quando as pessoas afetadas por seus planos são dóceis e ingênuas demais para descobrir e, posteriormente, penalizar as maldades.

Levando em conta a presença constante de Smith no programa original, tudo indica que a família Robinson acabará perdoando os atos do primeiro ano em uma possível segunda temporada e continuará sendo enganada. Caso assim seja, ficará difícil acompanhar a trama. Não há paciência no mundo para aguentar tanta paspalhice.

Por falar no futuro, há muito para ser desvendado ainda. E, ao menos até agora, vale a pena continuar descobrindo os diversos mistérios do universo. Toda atração traz consigo pontos bons e ruins – e a balança de Lost in Space termina sua temporada de estreia com um saldo positivo.

 

Nota (0-10): 6

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