Crítica Santa Clarita Diet S2: nem tão morta

Já pensou em morder o seu dedo quando está com raiva e, ops, ele é arrancado sem querer? Isso é um dos problemas que podem ocorrer quando se é um zumbi. Sheila Hammond (Drew Barrymore) sabe bem disso. Para sua sorte, ela ao menos pode contar com a ajuda do marido Joel (Timothy Olyphant), da filha Abby (Liv Hewson) e do vizinho Eric (Skyler Gisondo) para passar por essa fase sem batimentos cardíacos.

A luta dela para controlar seus impulsos sanguinários e descobrir por que morreu, deu uma passadinha rápida no além e retornou move a série Santa Clarita Diet, de Victor Fresco. Em sua segunda temporada, que tem dez episódios rápidos, a comédia mostra um frescor de quem retornou do cemitério criativo que foi o primeiro ano.

Poucas produções conseguem apresentar um salto de qualidade grande e para melhor – geralmente presenciamos a degradação de uma narrativa num primeiro momento muito boa. Não que estejamos diante da melhor atração do mundo. Todavia, ela tornou-se agradável, eficaz em arrancar algumas risadas e até desperta nossa curiosidade com sua trama propositalmente trash.

A falta dessa essência de filme B, anteriormente sentida em muitos aspectos, agora é parcialmente preenchida por uma cabeça falante que nos faz sentir saudade da Família Adams. Não nos faz rir tanto, mas também está contida, por exemplo, numa louca discussão sobre o quão preconceituoso poderia ser negar-se a matar um nazista por ele estar em uma cadeira de rodas. Toda a cena, até o seu desfecho, é deliciosamente nonsense. Para quem gosta de piadas absurdas, certamente pode encontrá-las na série, que corrigiu muitos problemas que dificultavam seu humor no primeiro ano.

A começar pela relação do casal protagonista. O draminha cansativo de Sheila e Joel divergirem e depois entrarem em consenso foi atenuado. Eles funcionam muito melhor como uma equipe unida que está preocupa em solucionar mistérios e matar pessoas supostamente ruins.

Abby também está muito mais digerível. Ela até consegue nos empolgar ao assumir ares de heroína disposta a chutar bundas. Pena ser tão enrolada no campo amoroso. A série poderia juntar logo ela e o bobão do Eric e seguir adiante nos assuntos mais interessantes.

Por falar no vizinho, a mãe dele, Lisa (Mary Elizabeth Ellis), parece meio deslocada na história, como se a única função dela seja fazer piadas de teor sexual. Outro perdido é Rick (Richard T. Jones), que definitivamente serve para nada.

 

Leia a crítica de Santa Clarita Diet S1

 

Quem cresceu em cena foi a policial Anne (Natalie Morales). Por mais que sua participação seja bem chata boa parte do tempo, ela foi redimida pelo roteiro na última cena da temporada, quando finalmente mostrou para que veio.

O roteiro, aliás, foi feliz ao acrescentar as tramas que movimentaram este ano. Foi aberta uma nova porta de possibilidades para o futuro – e, ao contrário do fim da primeira temporada, podemos ter esperança de que assistiremos a algo com real capacidade para entreter.

 

Nota (0-10): 7

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