Uma realidade alternativa onde humanos convivem com orcs, elfos, fadas e demais criaturas fantásticas. Um mundo onde o racismo tão presente em nossa sociedade é emulado em relações de seres de diferentes especiais, muitas delas subjugadas.
O universo criado para o telefilme Bright, da Netflix, não traz elementos novos. Todavia, mistura diferentes narrativas e cria um ambiente propício para uma história que consegue unir emoção e crítica social.
A obra dirigida por David Ayer, escrita por Max Landis e protagonizada por Will Smith e Joel Edgerton começa relativamente bem e por alguns minutos parece que irá abraçar a missão de ser entretenimento com alma. Entretanto, ao pisar no acelerador, deixa para trás qualquer pingo de profundidade e não sabe lidar nem ao menos com as cenas de ação.
O desastroso roteiro só consegue introduzir de maneira satisfatória o policial Daryl Ward (Smith) e seu companheiro, o orc Nick Jakoby (Edgerton). Os dois voltam a trabalhar em conjunto com a necessidade de lidar com um trauma do passado. Além da falta de confiança um no outro, o humano e o orc embarcam em uma noite de patrulha de rotina e acabam por descobrir um artefato antigo e poderoso: uma varinha mágica.
A partir desse ponto, as situações são levadas de uma a outra no piloto-automático. A elfa Tikka (Lucy Fry) une-se aos policiais e os três precisam fugir da perigosa Leilah (Noomi Rapace). A atração ganha contornos cada vez mais infantilizados e nem ao menos é preciso alguma desculpa mais elaborada para jogar inimigos pelo caminho.
Se Rapace pouco pode fazer com uma vilã sem apelo algum, que mal aparece, Fry entrega uma atuação absurdamente estranha para uma personagem jogada na história sem cuidado algum. Tikka melhor representa o desleixo do roteiro, que parece não ter sido lapidado, simplesmente levado à tela após um primeiro tratamento escrito em uma noite de bebedeira.
Os demais integrantes do enredo rumam pelo mesmo caminho de espinhos. Kandomere (Édgar Ramírez), elfo que trabalha para a divisão mágica do FBI, é completamente subaproveitado; assim como Sherri Ward (Dawn Olivieri), esposa do protagonista, que some praticamente o filme todo.
Se ao menos tivéssemos ótimas sequências de luta, estaria garantida a diversão. Nem ao menos isso funciona como deveria. A coreografia não dá veracidade para os atos e a direção torna alguns embates até mesmo confusos – algo difícil de imaginar em um projeto no qual nenhuma tomada reúne uma grande equipe.
Chega a ser um tanto triste pensar que se tenha investido US$ 90 milhões em algo tão fraco enquanto a Netflix cancela produções sem um fim planejado. O que nos resta é torcer por decisões acertadas no futuro.
Nota (0-10): 3