Crítica American Horror Story S7: culto ao gênero

A eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos certamente foi um dos acontecimentos mais chocantes de 2016. O terror da vida real foi incorporado à ficção pelas mentes criativas de Ryan Murphy e Brad Falchuk, que usaram o fato como ponto de partida para o enredo da sétima temporada de American Horror Story.

Com o título de Cult, a mais recente trama da antologia, que tem onze episódios neste ano, apoia-se nas figuras de Evan Peters e Sarah Paulson, atores queridinhos de Murphy e presenças constantes na atração. Paulson, que herdou a coroa de Jessica Lange, novamente brilha e nos demonstra sua força dramática com Ally Mayfair-Richards. Enquanto isso, Peters, que nunca apresentou um trabalho excepcional, provavelmente ganhou seu melhor papel dando vida a Kai Anderson.

Atormentados de diferentes formas, Ally e Kai movem uma disputa que conta com as participações de Ivy Mayfair-Richards (Alison Pill), Winter Anderson (Billie Lourd), Rudy Vincent (Cheyenne Jackson), Harrison Wilton (Billy Eichner), Beverly Hope (Adina Porter), Jack Samuels (Colton Haynes) e Meadow Wilton (Leslie Grossman), entre outros. São peças essenciais para uma luta por vezes confusa.

Claramente o show sofre com a ação do tempo. Com o passar dos anos, o desgaste é evidente e soam cada vez mais forçadas as reviravoltas que tentam manter a curiosidade dos fãs. Esta temporada pode até não ser tão desastrosa quanto foi Hotel, mas está longe de nos entusiasmar como no início.

Um embate que no princípio parece ser entre conservadores e liberais, ao longo dos capítulos vai transformando-se entre homens e mulheres e boa parte das movimentações não soam nada compreensíveis.

Você dirá que o mundo real está aí para nos provar que a coerência já mandou beijos e foi tirar férias. Está certo. Todavia, ainda assim não consigo engolir o quão fácil pessoas tão conscientes como Beverly e Ivy tenham ingressado num culto doentio e ajudado a instaurar o terror propagado como necessário por Kai, uma versão mais pobre – e com passado – do Coringa de Cavaleiro das Trevas.

Quando tudo já parece incompreensível, entra na equação Bebe Babbitt (Frances Conroy), tornando o cenário mais difícil de engolir. Sua presença está atrelada a de Valerie Solanas (Lena Dunham), mulher que tentou assassinar Andy Warhol na década de 1960.

A presença dessa personalidade que realmente existiu, assim como a de Charles Manson e tantos outros, é um ponto positivo para a obra. São inserções que enriquecem o material. Todavia, não são o suficiente para encobrir os problemas narrativos de uma antologia que já não dá medo algum, apenas nos proporciona um festival de cenas bizarras – algumas delas inconsistentes.

Destaco um trecho em especial que realmente me deixou confuso: no fim de um episódio, Harrison sai de casa, ensanguentado, e diz para a polícia que a vizinha é a responsável pela morte da esposa. No capítulo seguinte, isso tudo foi ignorado. Alguém sabe explicar o que eu perdi?

 

Leia a crítica de American Horror Story S6

 

Mudando de assunto, outra coisa que não entendo é o critério utilizado para definir quem são os atores principais e as participações especiais. Como Porter, que é elemento-chave e está do começo ao fim da história, pode ser classificada como participação enquanto Jackson, sem tanto destaque, integra o elenco principal?

É um detalhe bobo, mas que me intriga. Uma dessas coisas difíceis de entender em American Horror Story, produção já sem o mesmo brilho de outrora.

 

Nota (0-10): 6

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