Crítica The Americans S5: um tanto apática

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A família Jennings é, aparentemente, apenas mais uma entre tantas. Elizabeth (Keri Russell) e Philip (Matthew Rhys) são dois pacatos agentes de viagens, pais de Henry (Keidrich Sellati) e Paige (Holly Taylor). O que seus vizinhos e companheiros do trabalho de fachada não sabem, no entanto, é que eles são agentes russos que vivem há anos nos EUA.

Passada durante a Guerra Fria, na década de 1980, The Americans, série criada por Joseph Weisberg, traz uma visão interessante sobre o casamento a partir dos dramas de uma dupla de infiltrados que trabalha para a KGB, o serviço de inteligência soviético.

Russell e Rhys, que são casados na vida real, entregam um excelente desempenho ao encarnarem companheiros cada vez mais exaustos com suas missões. Afinal, espiões têm direito a se aposentar? Quando?

Philip já oscilava desde a primeira temporada. Sempre suportou os desprazeres do que faz por causa do apoio de Elizabeth, muito mais fria, pragmática. Ela, todavia, também já sente cada vez mais dificuldade na execução das tarefas – humanidade essa que é uma boa adição.

O casal é a força motriz de The Americans, que nem sempre funciona tão bem. Por mais que tenha um bom elenco, roteiro coeso e direção correta, a série dificilmente consegue realmente empolgar. Na temporada passada, com a morte de Nina (Annet Mahendru) e a ida de Martha (Alison Wright) para a Rússia, tivemos arcos interessantes que nos deixavam com vontade de assistir o quanto antes ao próximo capítulo.

Neste ano, os acontecimentos foram bem mais desinteressantes. Paige tornou-se o centro das atenções, algo construído aos poucos desde o começo da atração. O problema é que a personagem é muito chata. A necessidade do texto nos apresentar uma transformação crível volta-se contra a série, pois está demorando muito para Paige abandonar a imagem de criança chorona e fraca para ser uma mulher forte e inteligente. Uma opção seria fazer novos saltos temporais quando possível – qualquer coisa para não precisarmos ficar assistindo à repetição do drama dos pais com a filha.

Outro ponto complicado é Henry, deixado cada vez mais de lado. A impressão que dá é que a série quer se livrar dele. A única trama que funciona é a proximidade com Stan Beeman (Noah Emmerich), que também está em banho-maria.

O agente Beeman é vizinho da família Jennings e deveria ser o principal antagonista. A ameaça constante de descobrir que os moradores em frente são espiões simplesmente esvaiu-se no ar. Toda a dinâmica anterior foi posta de lado e, por mais que seja curioso saber qual rumo seguirá, sofre dessa apatia que se espalha por boa parte da série, como se o cansaço dos protagonistas, principalmente de Philip, tivesse infectado o trabalho como um todo.

É perceptível que algo não está tão bem quando os dois momentos mais empolgantes são aqueles com a participação especial de Martha, sem sombra de dúvidas a melhor personagem. Deu vontade de chorar quando vimos que ela finalmente terá uma filha. Nós queremos o melhor para ela, assim como para a série, que talvez devesse estar disposta a correr tantos riscos quanto os protagonistas e nos surpreender com frequência. Ela certamente é uma das melhores produções da TV, mas falta aquela ousadia de tirar o fôlego.

 

Nota (0-10): 7

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