Após passar quinze anos presa em um bunker, Kimmy Schmidt é resgatada e decide mudar-se para Nova York para ter uma vida normal. Na cidade, acaba conhecendo Titus, Lillian e Jacqueline, que se tornam seus amigos mais próximos.
A premissa de Unbreakable Kimmy Schmidt, série da Netflix criada por Robert Carlock e Tina Fey, é um tanto fora do usual e está em total conformidade com a atração, que chega à terceira temporada deliciosamente tão sem noção como sempre fora.
Andando constantemente em uma corda bamba entre o completo ridículo e o brilhantismo, a produção consegue manter-se nos trilhos com ótimas referências e uma dose regular de bizarrices que nos fazem gargalhar.
Ellie Kemper, que interpreta a protagonista, dá ingenuidade à personagem sem soar forçado ou simplesmente chato. Certamente seria a grande estrela do show se não tivesse este posto roubado por um colega de elenco: Tituss Burgess e seu hilário Titus Andromedon.
O personagem ganhou as melhores sequências deste ano e nos magnetiza sempre que aparece em cena. O segundo capítulo, Kimmy’s Roommate Lemonades!, é basicamente incrível. Titus encarnando a Beyoncé e escrevendo sua versão de sucessos do último álbum da cantora foi impagável.
O único momento triste do episódio foi o término do relacionamento dele com Mikey Politano (Mike Carlsen). Apesar do casal não ter tanto tempo de tela quanto merece, já conseguiu nos conquistar. Além disso, estar ou não no relacionamento não afetaria tanto assim a trajetória de Titus, que no fim, um tanto já esperado, tenta reatar.
E o que falar do novo grande sucesso dele? Realmente parecia que ele não conseguiria gravar nada mais engraçado que Peeno Noir. Eis que surge Boobs in California e a risada é certa. A faixa representa toda essa loucura que é a série.
Outro grande momento da terceira temporada é o inusitado crossover feito com Orange Is the New Black, inclusive com a participação de Cindy Hayes (Adrienne C. Moore). É uma dessas sacadas que elevam a qualidade de Unbreakable Kimmy Schmidt.
Também vale ressaltar que as outras duas personagens regulares da série, Lillian Kaushtupper (Carol Kane) e Jacqueline White (Jane Krakowski), tiveram avanços satisfatórios em suas histórias. Enquanto a primeira está envolvida com política e um novo amor, a segunda continua sua jornada para ser uma pessoa melhor.
Os quatro atores nos entregam um trabalho consistente e único, o que acaba de certa forma enfraquecendo um pouco Kimmy. O roteiro nos provou que todos funcionam muito bem de forma independente, sem a necessidade de orbitar ao redor da personagem-título, que não apresentou nenhum grande momento com a ida para a faculdade ou a busca pelo emprego ideal. A protagonista certamente reinaria absoluta sem a figura hipnótica de Titus.
Encerro com o hit dele – e com a esperança de termos muitos novos clipes em possíveis e aguardadas temporadas futuras.
Nota (0-10): 7