Em um dos momentos mais interessantes de Dear White People, personagens voltam-se para o público e criticam Tarantino. Segundo eles, só porque o diretor deixou o Jamie Foxx matar racistas em Django Livre, ele acha que pode usar todos os estereótipos de negros existentes. Além disso, Tarantino deve colocar o Samuel L. Jackson nos filmes só para os personagens brancos o chamarem de nigger.
A situação abordada pela crítica encontra paralelos com o humor da série Modern Family, de Steven Levitan e Christopher Lloyd. É como se a produção tivesse inserido personagens latinos, gays e asiáticos para dar a si mesma o direito de despejar todos os estereótipos possíveis e fazer piadas preconceituosas.
O que mais espanta é que essa é uma prática recorrente desde o surgimento da atração e, mesmo assim, ela se tornou sucesso de público e crítica. Bem, levando em conta que The Big Bang Theory é super badalada e carrega um humor racista, machista e LGBTfóbico, não é preciso pensar muito para achar a explicação.
Voltando para a família não tão moderna, ainda recordo de um diálogo no qual Manny (Rico Rodriguez) pergunta para Jay (Ed O’Neill) se ele poderia acompanhá-lo na partida de golpe. A resposta é que sim, pois um latino carregaria seus tacos de qualquer forma. Isso é extremamente ofensivo, além de não ter graça alguma.
Gloria (Sofía Vergara), a personagem mais carismática, é uma das que mais sofre com passagens vergonhosas do roteiro. Como é de origem colombiana, basicamente todos seus parentes já foram presos e ela sabe atirar com uma precisão incrível. Claro que tudo isso só é usado quando convém aos criadores.
Na oitava temporada, que tem 22 episódios, Gloria aparece em uma cena dizendo que tirou acessórios para trocar pneu e colocou produtos de beleza no local. No capítulo, que deveria ser sobre empoderamento feminino, as protagonistas são ridicularizadas e acabam tendo o carro roubado por outra mulher.
Outro exemplo lamentável é o que fizeram com Haley (Sarah Hyland), que, no começo deste ano, arrumou um novo emprego e o texto fez insinuações de similaridades com a prostituição – que, se realmente fosse, já é uma profissão com estigmas suficientes.
Isso quer dizer que a série não acerta com assunto algum? Ela tem pontos positivos, sim. Todavia, eles não justificam os ruins.
Também é preciso ressaltar que os temas abordados na atração estão cada vez mais cansativos devido às constantes repetições. Como aguentar mais um fim de temporada com formatura?
Além disso, Jay e Mitchell (Jesse Tyler Ferguson) estão cada vez mais insuportáveis. Quem disse que o mau-humor deles consegue arrancar alguma risada? Eles até já tiveram alguns momentos mais interessantes no passado, mas realmente faz algum tempo que pouco colaboram com a atração.
Leia a crítica de Dear White People S1
Com Cameron (Eric Stonestreet) e Claire (Julie Bowen) já sem o mesmo brilho, quem ainda está em boa forma, ao lado de Gloria, é Phil (Ty Burrell). O personagem aparentemente é o que está mais longe de ser apenas uma sombra do que era. E as crianças? Cresceram e continuam coadjuvantes.
Renovada para mais duas temporadas, Modern Family parece um daqueles casos de séries que não sabem a hora de parar. Para conseguir se manter, é preciso elevar a qualidade e espelhar-se em produções que conseguem ser engraçadas e realmente modernas, como Master of None e Grace and Frankie.
Nota (0-10): 4
A série é sensacional, de muita qualidade. A sua crítica foi muito tosca reesquerdista.
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A pelo amor para com essa obceçao com a esquerda, ele ta totalmente certo em apontar erros em uma serie que logo se vende como uma serie progressista
Ela tem muitas qualidades e eu mesmo sou fã, mas nao tem nada de errado em citar falhas
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A série não me pareceu preconceituosa: na verdade, ela EXPÕE preconceitos (às vezes de maneira até desagradável) para que a sociedade possa refletir sobre seus próprios comportamentos. Mas, infelizmente, pelo visto aqui, nem quem critica entendeu isso, imagine o restante…
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