Crítica Sense8 S2: incrivelmente sensual e ruim

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Oito personagens de diversas partes do mundo descobrem que estão ligados uns aos outros de uma forma completamente surreal. Mais do isso, simplesmente não são Homo sapiens. Para introduzir uma boa dose de adrenalina à trama, são perseguidos enquanto precisam lidar com dramas particulares. A premissa, que é boa, torna-se ainda melhor com a diversidade em tela. Há uma transexual lésbica, que é companheira de uma mulher negra, entre os protagonistas, assim como um mexicano gay, um queniano, uma coreana e uma indiana.

Todos esses elementos fazem de Sense8, série criada pelas irmãs Wachowski e por  J. Michael Straczynski, simplesmente ótima, certo? Errado.

O especial de Natal e a segunda temporada, que tem dez episódios, confirmam o que já podia ser constatado no primeiro ano: a produção simplesmente apoia-se em cenas libertadoras e dispersas para suprir a carência deixada por um roteiro horrível.

A impressão que fica é que os roteiristas deixaram o desenvolvimento do material nas mãos de um grupo que mistura fãs incondicionais e coordenadores de ONGs sem aptidão alguma para a ficção. Frases de efeito são vomitadas aos montes, demonstrando uma completa imaturidade na abordagem de temas sensíveis, que surgem quase como doutrinação barata.

Em todos os episódios são buscadas coincidências para unir diferentes situações e sensates, algo bem cansativo com o passar do tempo. Só não é pior que a constante inserção de momentos musicais em câmera lenta, como se estivéssemos diante de uma fita de casamento com momentos bonitinhos.

Nesse emaranhado de pontos de tensão chatos, as histórias acabam sendo amarradas de maneira muito relapsa, por vezes desastrosa mesmo. O pai de Will (Brian J. Smith), por exemplo, não aparece durante vários capítulos. Volta a ter espaço em tela para falecer – momento dramático que se esvai devido ao desleixo com que a atração é conduzida.

A última sequência de ação no episódio final também é bem problemática. O elenco é reunido num mesmo ponto aos tropeços, avançando a história com muitos cortes de situações que poderiam ser interessantes em detrimento de um bom gancho. Até então, vale ressaltar, Kala (Tina Desai), Sun (Doona Bae), Capheus (Toby Onwumere) e Lito (Miguel Ángel Silvestre) estavam tão imersos nos seus problemas pessoais que, durante parte do tempo, mantiveram-se alheios às descobertas relacionadas aos sensates. Isso só não é mais estranho que eles contarem o que se passa pra todo mundo e a aceitação geralmente ser a mais tranquila possível. Cadê o ser humano desconfiado querendo colocá-los num hospício?

 

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Por falar em problemas pessoais, o envolvimento de Capheus com a política é bem forçado. Ele basicamente não faz quase nenhuma campanha antes do grande comício. Sun com sua subtrama de vingança é bem melhor. Lito, Hernando (Alfonso Herrera) e Daniela (Eréndira Ibarra) também conseguem agradar devido ao carisma do trio. A vinda deles para o Brasil, por exemplo, foi um dos poucos pontos interessantes que não foram estragados pelo roteiro.

 

Obs: foi lindo ver o cartaz contra o golpe na cena que se passa na Parada Gay de São Paulo.

Obs2: o cabelo da Amanita estava maravilhoso no casamento na irmã da Nomi.

 

Nota (0-10): 2

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