Crítica Masters of Sex S4: desobediência civil

Antes deles, muitos aspectos relacionados ao sexo eram uma completa incógnita. O pudor da sociedade para abordar determinados temas tornava a população refém da ignorância. Masters e Johnson, com a pioneira pesquisa sobre o assunto, enfrentaram o conservadorismo e abriram caminho para ajudar as pessoas a tratarem suas disfunções sexuais.

Masters of Sex, série desenvolvida por Michelle Ashford, chega à quarta e última temporada com o mesmo intuito que tivera desde o início: mostrar os avanços científicos do casal. Se no princípio a produção foi recebida com indicações a prêmios importantes e audiência sólida, terminou um tanto esquecida.

Baseada no livro biográfico Masters of Sex: The Life and Times of William Masters and Virginia Johnson, the Couple Who Taught America How to Love, de Thomas Maier, a série abordou, durante seus quatro anos, um período de mais de uma década da dupla de pesquisadores.

Michael Sheen sempre se saiu muito bem como William Masters, às vezes um pouco ofuscado por Lizzy Caplan, que trouxe uma Virginia Johnson doce em sua amargura, além de muito determinada. Houve uma química entre eles que, apesar de um tanto atípica, parecia real. O problema foi o natural desgaste do jogo de amor e ódio durante longo período. Na vida real, William apenas deixou Libby e se casou com Virginia em 1971, ou seja, muito tempo após começar os estudos com esta, em 1957.

Enquanto eles viviam o enrolado dramalhão, Libby (Caitlin FitzGerald), tão desinteressante no começo, cresceu em cena. Ela foi trilhando um caminho de descobertas e, principalmente na reta final, conseguiu nos encantar com o seu desabrochar.

Pena outras subtramas tão ricas quanto essa terem sido tratadas com desleixo.  Betty (Annaleigh Ashford) viveu um dos momentos mais sensíveis da produção e, após isso, simplesmente sumiu, sem final algum para si. Barton (Beau Bridges), que sempre teve destaque nas poucas aparições, tornou-se quase irrelevante.

Lester (Kevin Christy), com seu humor peculiar, também fez falta. Ele ao menos nos proporcionou o melhor diálogo da série, no ótimo episódio Coats or Keys, quando falou desobediência civil após a companheira pedir para ele dizer algo excitante.

Não dar a devida importância para as histórias secundárias acabou tornando-se marca do show. Por motivos jurídicos, e não criativos, foi optado por mudar os nomes e o número de filhos que Virginia e William tiveram. Tirando uma participação mínima de Tessa (Isabelle Fuhrman), é como se os filhos de Virginia tivessem sumido da face da Terra. Já os de William apareceram apenas quando extremamente necessário.

Ao fim, talvez tenha sido melhor cancelar a atração. Além dos problemas acima comentados, o próximo período que seria abordado não é dos melhores. Durante alguns anos, o casal tratou homossexuais que queriam ser convertidos para heterossexuais – algo introduzido já no quarto ano. Seria uma completa virada de heróis para vilões, algo que poderia sepultar de vez a simpatia ainda sentida pelos protagonistas.

 

Nota (0-10): 7

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