Crítica One Day at a Time S1: apaixone-se por Cuba

Um dos maiores méritos das produções da Netflix é sair da zona de conforto. Dramas e comédias preocupam-se em ir além da finalidade básica, que é entreter – e fazem isso de forma inteligente, sem introduzir um discurso que poderia trazer monotonia às obras. Muito pelo contrário, é na crítica social que geralmente reside a força narrativa das atrações.

One Day at a Time, série criada por Gloria Calderon Kellett e Mike Royce com base em sitcom homônima exibida nas décadas de 1970 e 1980, veio para integrar, ao lado das maravilhosas Grace and Frankie e Unbreakable Kimmy Schmidt, o time de comédias que mexem no vespeiro com um roteiro afiado.

A atração acompanha a família cubana-americana liderada por Penélope Alvarez (Justina Machado), ex-militar que cria os filhos Alex (Marcel Ruiz), garoto que está entrando na fase da adolescência, e Elena (Isabella Gomez), feminista que veio para desconstruir padrões reproduzidos pela mãe e pela avó Lydia (Rita Moreno), que ajuda a criar os jovens.

Sem sombra de dúvidas, Justina e Rita são os grandes destaques da atração. As duas atrizes têm um timing cômico perfeito e não há como ficar sem gargalhar com suas piadas. Em especial a brilhante Moreno, que venceu um Oscar por West Side Story e deve aparecer na próxima temporada de premiações com indicações a melhor atriz coadjuvante.

A abuela Lydia é carinhosa com os netos, superprotetora com a família, extremamente religiosa e reprodutora de padrões machistas e opressores. Ela deixou a ilha caribenha em busca de uma vida melhor, sua história é incrível e merece ser respeitada – mesmo que nem sempre se concorde.

É quase como se fosse uma escada de avanços: se ela não gosta de perder a missa, não acredita em divórcio e tampouco consegue enxergar uma relação que não seja entre homem e mulher, a filha começa a se descolar dessa visão de mundo e a neta rompe completamente com isso. Esse choque geracional, representado muito bem em tela, acaba nos proporcionando muitas risadas e até mesmo choro.

Preconceito contra latinos, catolicismo arraigado, pornografia, LGBTfobia, descaso com quem se feriu na guerra, traumas decorrentes dos conflitos, vício. Há uma mistura que dá certo, apesar das presenças um tanto inexpressivas de Todd Grinnell, que interpreta o vizinho Schneider, e Stephen Tobolowsky, o Dr. Leslie Berkowitz.

Stephen até consegue crescer um pouco em cena ao contracenar com a Rita Moreno. No entanto, Grinnell chega ao décimo terceiro e último episódio do primeiro ano de maneira tão irrelevante quanto no começo. Ele destoa muito da família Alvarez ao ter uma subtrama fraca e uma atuação sem brilho. Em determinados momentos, fica a pergunta: o que ele está fazendo ali?

De qualquer forma, não faz da série menos agradável e importante. A quinceañera de Elena fecha de maneira bonita uma temporada com muitos dramas e risos, como toda pessoa que assistia a novelas mexicanas gosta.

 

Nota (0-10): 8

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