American Horror Story, produção criada por Brad Falchuk e Ryan Murphy, é, criativamente falando, uma montanha-russa. Durante sua trajetória, tivemos tantos momentos memoráveis quanto questionáveis.
A primeira temporada manteve o ar de mistério até o fim com certa regularidade. A segunda, apesar de alguns episódios com uma edição confusa, é considerada por muitos fãs a melhor – é a mais aterrorizante, certamente. A terceira, que se voltou para a bruxaria, não empolgou tanto assim com suas frequentes ressurreições. A quarta, que contou com o adeus – ou até breve – da estrela do programa, Jessica Lange, trouxe roteiro interessante e subtexto de aceitação formidável. A quinta fez o nível cair de forma preocupante, parecendo não saber ao certo que história gostaria de contar.
Então chega a sexta, que teve a difícil missão de elevar a qualidade novamente. Indiscutivelmente, Roanoke é muito mais consistente do que Hotel. A trama, dividida em três atos, foi melhor elaborada. No decorrer dos episódios, exploraram diferentes produções do gênero. De Bruxa de Blair à Ghost Hunters, tivemos a ficção se alimentando dela própria.
No entanto, faltou algo de extrema importância para nos instigar: a imprevisibilidade. Na primeira metade, sabíamos que os protagonistas sobreviveriam, pois estavam contando a própria história. Na segunda, em uma jogada de risco, foi revelado que todos morreriam, exceto um. Após isso, deparamos com uma sequência de assassinatos dispensáveis. Restou ao último episódio trazer um pouco de real mistério quanto ao destino de quem ali estava.
É muito bom que a produção não corra de forma desenfreada e torne a jornada incoerente. Todavia, faltou aquela loucura que outrora nos seduziu. Ela existiu, em muitos momentos, mas parecia maquinal. A essência revolucionária, da qual ela se alimentava, esvaiu-se nas barreiras criadas ao referenciar fórmulas televisivas. Acabou que cenas de mutilação, por exemplo, se tornaram apenas desconfortáveis.
Para compensar, tivemos um elenco sempre competente. Kathy Bates, Angela Bassett e Sarah Paulson são formidáveis – em especial a última, que desta vez construiu três personalidades diferentes. Evan Peters e Denis O’Hare poderiam ter aparecido mais, assim como Lady Gaga, que ganhou um papel muito mais interessante do que o do ano passado. Adina Porter se mostrou a grande surpresa com sua Lee Harris, e espero que a antiga Lettie Mae de True Blood tenha vindo para ficar.
Um grande acerto foi diminuir o número de episódios para dez, pois a trama fluiu sem fazer tantas curvas. American Horror Story deu um passo seguro e provou que consegue se reinventar.
Observação: espero, de coração, que no próximo ano tenhamos novamente uma daquelas aberturas maravilhosas do show.
Nota (0-10): 6